Abdelaziz Bouteflika, atual Presidente da Argélia, confirmou a intenção de continuar no governo por mais um mandato. As eleições estão marcadas para 18 de abril deste ano e o país lida agora com várias manifestações do povo.
Desde 1999 que a Argélia é governada pelo mesmo Presidente. Abdelaziz Bouteflika aceitou a pasta da governação com 62 anos. Hoje, dia 2 de março, celebra 82. O líder argelino nasceu em Marrocos e foi ministro das Relações Exteriores entre 1963 e 1979. Em fevereiro deste ano, Bouteflika reiterou a decisão de continuar a representar o povo, mas as várias polémicas que envolveram os seus mandatos estão a dar origem a manifestações pelo país. Reclamam agora uma nova era na Argélia.
Só amanhã, 3 de março, é que serão oficializadas as candidaturas a Presidente da República, mas o povo argelino tem questionado a competência Abdelaziz Bouteflika para o seu quinto mandato. Os estudantes foram um importante motor nas manifestações. A universidade da capital foi um dos palcos dos protestos desta última semana num país onde existe um grande índice de população jovem. As redes sociais têm sido também um instrumento muito utilizado pela população para se manifestar face às eleições presidenciais de abril.
Un monde fou aujourd'hui à Alger. Impossible de quantifier mais on peut largement tabler sur des centaines de milliers de manifestants à Alger. @LeMediaTV #Algerie_manifestation #5ememandat #Alger pic.twitter.com/aGjO4aKNWC
— Yanis Mhamdi (@yanmdi) March 1, 2019
Sexto dia de protestos na Argélia https://t.co/SE29Fv2Hdl pic.twitter.com/Xo5O0nUtnz
— Euronews Português (@euronewspt) March 1, 2019
As manifestações iniciaram-se a 23 de fevereiro e não há previsão para o seu fim. Junto da população os ânimos têm-se exaltado. As forças policiais foram já obrigadas a usar gás lacrimogénio face a atitudes violentas por parte de alguns manifestantes. Apesar de as manifestações não serem ilegais, raramente se concedem autorizações para que se concretizem.
Em 2013, Abdelaziz Bouteflika sofreu um AVC. O problema de saúde não incapacitou de governar o país, no entanto, as aparições em público diminuíram. Nestes últimos anos, o líder raramente apareceu perante o povo e dispensou também a campanha eleitoral. Uma das polémicas que tem perseguido o Governo de Bouteflika envolve a liberdade de imprensa. A RSF (Repórteres Sem Fronteiras) já teve de intervir para a libertação de jornalistas que tinham sido detidos por difamação. Esta semana, um grupo de jornalistas foi detido pela polícia enquanto manifestava contra a pressão exercida pelo Governo na imprensa.
Antes das eleições de 2008, o Presidente havia mudado a Constituição nacional, permitindo assim que se pudesse recandidatar por mais de dois mandatos. Nas últimas eleições, os adversários acusaram o atual Presidente de manipulação dos resultados nas eleições presidenciais, onde atingiu mais de 80% dos votos do eleitorado. Está prevista nova mudança na constituição para restituir o limite de mandatos mas só entrará em vigor depois deste acto eleitoral.
Abdelaziz Bouteflika chegou mesmo a presidir a Assembleia Geral das Nações Unidas e, em 2003, recebeu o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal. Um dos maiores êxitos que marcaram os 20 de governação foi a cessação da guerra civil da Argélia em 2002 e que já durava desde 1991.