Será sempre uma generalização, mas vale a pena olhar para uma altura em que o Myspace ainda era relevante, o iPhone ia na 2ª geração e o Spotify dava os primeiros passos.
A fechar a primeira década do século, são várias as movimentações em território noise com progressiva aproximação à pop – No Age, Times New Viking, Vivian Girls e os dois alvos deste artigo que contaram com edições ainda nos primeiros 40 dias de 2009: Wavves e The Pains of Being Pure at Heart. Também Drake se lança com a mixtape So Far So Good, mas essa é outra conversa.
The Pains of Being Pure at Heart
Há um comentário no YouTube que diz tudo e vai assim: “Can’t believe this album is almost 10 years old. It was supposed to bring nostalgia for the 80s twee pop. now it brings the nostalgia for the late 00’s?”. Esta ideia é bem capaz de nunca vir a ser unânime, mas os The Pains of Being Pure at Heart protagonizam uma das mais despretensiosas estreias da primeira década do século XXI.
Miúdos a escrever sobre problemas de miúdos, com vídeos super 8 que incluem os próprios a fazer as coisas que mais gostam, o que, basicamente, são coisas de miúdos, enfim, hipsters, na falta de melhor termo. “Everything With You” é exemplo mais óbvio, mas “Young Adult Friction” e os seus livros favoritos e jeitos naive é mais representativo de uma banda que parece querer fazer-nos crer que não tem nenhum talento particular mas que é capaz de fazer discos fáceis de amar e odiar em doses idênticas. Para uma banda tão inocente não está nada mau.
Wavves
Até 2009, a preguiça dos Wavves vai até à forma como baptizam dos discos: acrescenta-se um “v” e siga. Wavvves, pois então, segue na linha da progressiva “popização” da banda. À imagem dos Pains of Being Pure at Heart (TPOBPAH), começa a existir uma preocupação com a melodia, mas com vários efeitos potencialmente inaudíveis, mas os Wavves derivam para o noise, os TPOBPAH para o shoegaze.
“Going nowhere”, “You see me I don’t care” e “I’m so BORED” são expressões cantadas como se de um triunfo se tratasse e esta forma de estar dos Wavves estende-se aos vídeos de miúdos a fazer coisas de miúdos num constante combate ao tédio. Na verdade, segundo esses vídeos, Nathan Williams e companhia parecem fazer muito pouca coisa: vão à praia, andam de skate, fumam charros. Daí o aborrecimento, tipo…