As europeias aproximam-se da velocidade de cruzeiro. Os partidos vão lançando candidatos, propostas e programas, as sondagens brotam e as polémicas despertam. Portugal não é exceção neste movimento de salutar convergência europeia (e nem o futebol escapa).
No últimos dias, os dois maiores partidos apresentaram os seus cabeças-de-lista e as diferenças foram evidentes logo na pompa do momento: se o PSD optou por confirmar Paulo Rangel numa discreta conferência de imprensa focada no ataque ao Governo e organizada na sua sede nacional, o PS lançou um discreto Pedro Marques numa convenção à americana, que até contou com a participação do holandês Frans Timmermans, atual primeiro vice-presidente da Comissão Europeia e candidato dos Socialistas europeus à presidência da próxima Comissão.
Quem são estes dois homens, que irão liderar as (expectáveis) maiores delegações portuguesas no Parlamento Europeu?
Pedro Marques é um setubalense de 42 anos que até recentemente foi Ministro do Planeamento e das Infraestruturas no Governo de António Costa. Aos 21 anos integrou pela primeira vez listas do PS, nas eleições autárquicas de 1997, o que evidencia a sua tão precoce quanto longa carreira política e, principalmente, partidária. Nota o PÚBLICO que é o primeiro ministro a abandonar o cargo em favor de uma candidatura europeia (ainda que Durão Barroso tenha aberto um difícil precedente ao trocar São Bento pelo Berlaymont em 2004). O seu tempo no Governo foi polémico, marcado por acusações de desinvestimento público encapotado, atrasos na execução de fundos europeus, falta de transparência e propaganda – mas nem tudo foi mau, já que a conta oficial do Ministério obteve um respeitável desempenho no célebre e irónico #TorneiodeClausura2018 do Twitter. Sobre temas europeus disse ainda muito pouco, mas afirmou já oposição à retirada de fundos de coesão a países que ameacem os princípios fundamentais da UE (como a Hungria) e a aparente simpatia pelos impostos europeus como receitas próprias do Orçamento da União (este promete ser um dos grandes temas da campanha). Perguntado sobre rumores de que a sua candidatura se destina apenas a preparar uma futura nomeação como comissário por Portugal, escusou-se a desmentir.
“António Costa e o seu governo mostram todos os dias que podem ter um país na Europa mais social”, afirmou @TimmermansEU #SomosEuropa #Europeias2019 #EE2019 #PortugalMelhor #UmPaísParaTodoshttps://t.co/ITZ4R3ZYs2
— psocialista (@psocialista) February 16, 2019
Paulo Rangel é um veterano eurodeputado, que se candidata a um terceiro mandato – lidera as listas do PSD desde 2009. Com 51 anos, é já um nome forte do Partido Popular Europeu, sendo vice-presidente do partido e do seu grupo parlamentar. Se é verdade que partiu para Bruxelas visto como um potencial candidato a Primeiro-Ministro, também o é que se arrisca em maio a perder copiosamente a segunda de três eleições em que participou — o que o pode condenar a um papel cada vez mais secundário na política nacional. Sobre a Europa, proferiu declarações em que assegura que não é de direita, que se opõe ao fim da regra da unanimidade no Conselho Europeu para decisões de política externa, bem como à ideia de um exército e de impostos europeus. Nesta legislatura, foi uma voz determinante na revisão do Estatuto do Provedor de Justiça e no insucesso da proposta de listas transnacionais. Na campanha de 2009, definia-se como federalista.
Estão criadas as condições para que o #PSD possa ter um bom resultado nas #EleiçõesEuropeias2019: @PauloRangel_pt encabeçará a lista do Partido ao Parlamento Europeu.
Saiba tudo no #PSDTV desta semana!#PrimeiroPortugal #destavezeuvoto #thistimeimvoting pic.twitter.com/iQKXqWTev7— PSD (@ppdpsd) February 8, 2019
E prognósticos?
O Parlamento Europeu divulgou muito recentemente um estudo de opinião a propósito das Europeias, baseado na média das sondagens nacionais (concretamente, as da Eurosondagem e da Aximage, realizadas no início do ano). Os dados revelam o PS a liderar com 39,6% (7 pontos percentuais acima do resultado de 2014), com o PSD a conseguir apenas 25% do total das intenções de voto (perto de 3 p.p. abaixo do último resultado, dessa vez em coligação com o CDS). A 3 meses do ato eleitoral parece já existir um diferencial considerável e dificilmente superável, mas todos gostamos de uma boa história de reviravolta perante probabilidades desoladoras.
A melhor notícia é que até Maio poderás acompanhar tudo aqui!