Tal como já se vem afirmando, 2020 não será um espelho de espectro político norte-americano de 2016. Quem fizer frente a Donald Trump terá, entre muitas outras coisas, que se empenhar em manter uma presença muito forte e destacável nas redes sociais, Twitter principalmente, e ser capaz de ter um diálogo fora do espectro do politicamente normal. Ameaças, ditos e desditos, uma linguagem vulgar marcaram o diálogo de Trump, e foi esta forma de comunicar com a classe politica, a imprensa e os eleitores que o levaram a presidente dos Estados Unidos da América.
https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1051984061860904960?ref_src=twsrc%5Etfw
Sanders, apesar de não ter o alcance de Trump nas redes sociais, mantinha em 2016 uma rede de conexões mais engajada do que qualquer outro candidato eleitoral. “É a natureza autêntica das publicações e conversações de Sanders”, disse Krishna Subramania, co-fundadora do Captiv8, em 2016. “A fórmula para tornar estas plataformas bem-sucedidas é manter conversações com a audiência, publicando conteúdos que a façam querer engajar-se”, continuou. O anúncio da sua recandidatura foi feito dia 19 e passadas 10 horas, Sanders contava já com mais de quatro milhões de dólares doados, segundo a CNN, por eleitores de todos os estados dos EUA.
I'm running for president. I am asking you to join me today as part of an unprecedented and historic grassroots campaign that will begin with at least 1 million people from across the country. Say you're in: https://t.co/KOTx0WZqRf pic.twitter.com/T1TLH0rm26
— Bernie Sanders (@BernieSanders) February 19, 2019
Neste seguimento, Subramania acrescenta que para engajar os millennials na cena política é necessário conectar-se com esta faixa pela via das redes sociais. Uma fórmula de campanha que não é nova. Já em 2008, Obama se serviu destes canais para chegar aos eleitores mais afastados dos anúncios na televisão, das entrevistas nos jornais impressos e das campanhas presidenciais presenciais, onde o aperto de mão e os beijos às crianças mostram o afecto de cada candidato. Em 2016 foi o que se sabe com algumas responsabilidades ainda por apurar no que toca à eleição de Trump. Já Sanders desde essa altura que tem alimentado o mediatismo fruto da sua corrida presidencial mantendo um discurso consistente focado sobretudo nos direitos dos trabalhadores, como o salário mínimo, ou os privilégios das grandes corporações como a Amazon — para além da conta em nome próprio com 9 milhões de seguidores, Sanders tem uma enquanto Senador onde conta com 8 milhões.
"Radical." "Extreme." That's what the ideas we fought for in 2016 were considered back then.
Now those ideas are supported by a majority of Americans. It's time to defeat Donald Trump, complete that revolution and implement the vision we fought for. https://t.co/XljYaGrQCd
— Bernie Sanders (@BernieSanders) February 25, 2019
O duro caminho até lá chegar
Para conseguir chegar ao título de adversário directo de Trump, Sanders ainda tem que ganhar no Colégio Eleitoral, o que não parece difícil se compararmos o que aconteceu em 2016 e estabelecermos um retrato de antevisão para as próximas eleições. Ao confrontar Hillary Clinton, Bernie Sanders conseguiu derrotar a adversária democrata em Michigan e Wisconsin, estados onde Clinton precisava de ganhar nas eleições gerais contra Trump, o que não aconteceu por uma diferença de 33 452 votos. Já Sanders conseguiu, nestes estados, durante as primárias, angariar 152 337 votos. Note-se que, se Michigan e Wisconsin tivessem levantado a bandeira azul a 8 de Novembro de 2016, teriam sido retirados 26 votos eleitorais a Trump. Analistas políticos dizem que as primárias dos Democratas poderão ter condicionado o resultado final e, estima-se que se tivesse sido Bernie Sanders a concorrer contra Trump o resultado poderia ter sido outro.
Para além disso, Sanders continua com o estatuto de candidato mais popular e com ratings mais favoráveis do que Trump. Após seis meses de mandato, e já com um número alargado de escândalos e decisões inéditas, como o despedimento do então director do FBI, James Comey, Donald Trump detinha uma percentagem de aprovação de 38,4%, segundo a FiveThirtyEight. Em janeiro deste ano, este valor encontrava-se nos 37%, segundo dados da Gallup, conotando-o como o presidente mais “impopular” da história daquela nação.
Já Bernie Sanders manteve, tanto na ala democrata como republicana, a imagem de um político “honesto”. Para além disso, foi o candidato que mais votos angariou junto dos eleitores mais jovens em 2016. Mesmo em comparação com a angariação de votos da camada mais jovem que Obama conseguiu em 2008, primeiras eleições presidenciais que ganhou, Bernie Sanders sai a ganhar. Em 2016, obteve mais votos desta faixa etária do que Clinton e Trump juntos mas não é só o eleitorado jovem que segue Sanders. As minorias também. A titulo de curiosidade explicativa, nos anos 60, o político chegou mesmo a acompanhar Martin Luther King Jr. em marcha contra a segregação racial e foi, inclusive, preso.
Resumindo, Sanders mostra mais segurança e estabilidade do que Trump num segundo mandato, tendo também em conta as várias alterações que a sua https://staging2.shifter.pt/wp-content/uploads/2021/02/e03c1f45-47ae-3e75-8ad9-75c08c1d37ee.jpgistração sofreu até ao momento. Se se analisar a quantidade de promessas feitas em tempo de campanha e o seu progresso actualmente, rápido se verifica que o mandato de Trump não foi, até à data, muito eficaz.
Entre as promessas falhadas ou adiadas de Donald Trump encontram-se a construção de um muro de betão na fronteira com o México e a eliminação do sistema de saúde criado por Obama, o Obamacare. Será isso suficiente para o afastar do cargo?
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