Experimenta abrir a homepage do The New York Times, da Vox ou do Quartz. O que notas? Apesar de estes órgãos de comunicação social terem “casa” nos EUA e de alguns conteúdos serem sobre esse país, consegues facilmente identificar-te com alguns headlines. Por seu lado, abrindo o site de um jornal português irás encontrar apenas artigos relevantes localmente; isto acontece porque medias como os referidos são jornais mundiais, com ambições globais.
Esse posicionamento – intencional ou consequente – acaba por permitir a esses órgãos de comunicação social captar audiência onde quer que se fale inglês; não unicamente enquanto língua oficial, mas como segunda, terceira, quarta… língua. E para essa audiência produzir um conjunto de conteúdos que são relevantes para lá da fronteira norte-americana ou britânica (o The Guardian é também um bom exemplo de jornal mundial).
É expectável que o facto de esses conteúdos serem produzidos nos EUA leve a que, algumas vezes, exista uma certa perspectiva norte-americana nas abordagens que são feitas, pelo que é bom termos primeiro que tudo consciência de que isso pode acontecer e de quais são essas nuances para que possamos fazer uma absorção o mais isenta e independente possível. Por exemplo, podemos ver uma Bloomberg comparar uma determinada situação com o modo como ela decorreria se fosse nos EUA com o seu viés, próprio de uma revista financeira, ou um The Verge ignorar os smartphones da Huawei por China/EUA ser uma relação complicada.
Sabemos também que o The New York Times (NYT) é um jornal do Mundo quando as suas investigações tocam questões que não são exclusivas dos EUA, como foi o caso de duas que resumimos no Shifter no final do ano passado. Todavia, outra forma de sentir esse trabalho global é no YouTube. E não só em relação ao NYT. Bloomberg, Vox, Wired, Quartz, The Guardian, The Intercept… todos eles têm canais na plataforma de vídeos que vale a pena ‘checkar’ e assinar, onde quer que estejas.
Entre vídeos soltos e trabalhos específicos, órgãos de comunicação social como os que referimos têm vindo a apostar em séries documentais que, através dos seus mini-episódios (geralmente a rondar os 10 minutos), nos convidam a aprender algo novo – muitas vezes podem ser pontos de partida para depois irmos pesquisar um pouco e aprofundar um tema.
Na lista que se segue, encontras alguns mini-docs do género de que te falámos e que estão disponíveis gratuitamente. Existem certamente mais, mas entende que este é apenas um ponto de partida. Se tiveres sugestões, deixa nos comentários ou envia para comunidade@shifter.pt.
Next Jobs (Bloomberg)
Aki Ito, editora de tecnologia da Bloomberg, tem andado à procura de novas profissões que fazem parte do presente e podem ser carreiras de futuro. Next Jobs tem uma temporada de seis episódios.
Then This Happened (Bloomberg)
Then This Happened é uma série da Bloomberg que aborda desde como Amesterdão se tornou um paraíso das bicicletas, Portugal resolveu o problema das drogas ou a relação entre a Guerra Fria e o Google Maps.
Game Changers (Bloomberg)
Existe a tecnologia comercial e existe a tecnologia que é usada para resolver problemas sociais ou humanos. E é sobre este último tipo de tecnologia que a série Game Changers da Bloomberg fala: pessoas que são a explorar os limites tecnológicos, a inventar coisas novas. Tem uma temporada e sete episódios à data deste artigo.
Vox Borders (Vox)
Seria difícil não colocar esta na lista. Vox Borders foi uma aventura que o videógrafo/jornalista Johnny Harris começou em 2017. Depois de uma primeira temporada a percorrer diferentes fronteiras pelo mundo fora, seguiu-se uma segunda leva de episódios dedicada a histórias em Hong Kong e agora uma terceira temporada só sobre a Colômbia.
Earworm (Vox)
Também da Vox chega-nos Earworm, uma série sobre música. Não sobre aquelas músicas que ficam na cabeça, mas sobre as que mudaram a indústria. Por exemplo, porque é que a “Giant Steps” do John Coltrane foi um salto gigante no panorama global do Jazz?
Processor (The Verge)
O The Verge é uma referência no que toca a ao jornalismo sobre tecnologia de consumo, e é também no que diz respeito ao vídeo. Processor é uma série semanal do editor executivo do The Verge, Dieter Bohn, que ensaia sobre como a tecnologia que temos na nossa mão está a mudar e como essa mudança impacta as vidas das pessoas.
https://www.youtube.com/playlist?list=PL39u5ZEfYDEObDoebCfkgzRvM7OuVtX8q
Workflow (The Verge)
Com duas temporadas, Workflow é uma série do The Verge que ensina a trabalhar com tecnologia, seja a criar uma “casa inteligente”, a fazer um detox do smartphone ou a escolher uma nova câmara fotográfica.
The Bigger Picture (The Verge)
A tecnologia não são só gadgets e plataformas; e as empresas com que nos relacionamentos constantemente através dos seus produtos e serviços ditam tendências mais amplas e precisam de um escrutínio alargado. É isso que promete fazer o The Verge neste The Bigger Picture.
Obsessed (Wired)
Obsessões. É este o ponto de partida para Obsessed, um trabalho da Wired que traça perfis de pessoas que perseguem as suas paixões e por uma ou outra razão se destacam das demais. São dez episódios.
https://www.youtube.com/playlist?list=PLibNZv5Zd0dzFVZ0BvcOZUf0J0Ifn1GeI
What Happens Next (Quartz)
O mundo está constantemente a mudar e nós estamos constantemente a questionar o futuro. O que vem aí? Como vai ser tudo isto daqui a 10, 20… anos? What Happens Next é futurologia bem feita pelo Quartz. São duas temporadas com cinco episódios cada uma.
Internetting with Amanda Hess (The New York Times)
A internet nem sempre é fácil de perceber. E não, não estamos a falar da internet enquanto engenharia, mas da cultura que esta proporcionou. É sobre a cultura online/digital/web (como lhe queiramos falar) que este Internetting with Amanda Hess do The New York Times assenta.