Contrariando a sabedoria popular, coisas acontecem em Bruxelas. Apesar do Brexit, os motores já vão aquecendo para as eleições de 26 de maio. Os candidatos são revelados em catadupa, os candidatos a Presidente da Comissão já fazem campanha e alguns Eurodeputados já se despedem do bulício parlamentar. Nesta edição, olhamos para Portugal. O que acontece por cá?
Portugal não escapa ao movimento. As europeias começam a gerar burburinho mediático, com a aproximação do anúncio dos cabeças de lista pelos maiores partidos (novidades em fevereiro, cremos). Antecipando esse momento, o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã publicaram ontem uma pequena sondagem da Aximage. Ainda que com apenas 608 entrevistas, o inquérito permite alguma análise a 4 meses do ato eleitoral.
Neste momento, parece indiscutível uma vitória do Partido Socialista, que leva uma vantagem de quase 13 pontos percentuais em relação ao PSD, que surge em segundo lugar (32,6% das intenções de voto contra 19,8%, respetivamente). Para o PS, esse resultado representaria apenas uma ligeira subida em relação ao de 2014, mas para os sociais-democratas seria uma hecatombe em relação aos 27,7% anteriores, obtidos em coligação com o CDS. Ainda assim, na conversão para mandatos, o PS poderia ver aumentada a sua representação, enquanto a do PSD se manteria igual.
Em termos de representação, o CDS e o BE, que apresentam como cabeças de lista Nuno Melo e Marisa Matias, também estão bem cotados desta sondagem. Os democratas-cristãos parecem beneficiar do desaparecimento do MPT, que em 2014 concorreu com uma lista encabeçada por Marinho Pinto e conseguiu eleger dois Eurodeputados, sendo a quarta força mais votada. A CDU, eterna coligação entre Partido Comunista Português e Partido Ecologista “Os Verdes”, corre o risco de perder um eleito – o que poderá considerar-se justificativo do possível aumento do Bloco de Esquerda. Note-se, no entanto, que os intervalos que a sondagem inclui para a distribuição dos mandatos cobrem a possibilidade de nada mudar.
Os partidos mais recentes não parecem ter conseguido convencer um número significativo de eleitores. O PAN mantém o resultado de 2014, o Aliança não ultrapassa o 1% e movimentos com grande tração nas redes sociais, como a Iniciativa Liberal e o Livre, não chegam sequer a ser referidos.
Em conclusão: trata-se de uma sondagem com poucos respondentes e que não se afasta muito dos resultados de 2014. É cedo para cantar vitória ou chorar derrota. Os números previsivelmente elevados de abstenção serão decisivos para os resultados finais. Lembramos-te: vota.