Sebastião Rodrigues. Um grande entre grandes num compêndio da história do design

Sebastião Rodrigues. Um grande entre grandes num compêndio da história do design

17 Outubro, 2018 /

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O reconhecimento internacional de Sebastião Rodrigues não é novidade.

Não é a qualquer um que se atribui o epíteto «pai do design gráfico português». Sebastião Rodrigues (1929-1997) tem sido a figura titular de gerações e gerações de designers portugueses que nele reconhecem uma qualidade, vitalidade e mestria que não se apequenam quando comparadas com os grandes mestres internacionais.

Assim, é com prazer que verificamos que Julius Wiedermann e Jens Müller, responsáveis pela edição de History of Graphic Design (Taschen, 2018) seleccionaram para a capa do segundo volume da obra (1960 — hoje), a editar em Novembro, uma capa da revista Almanaque desenhada por Sebastião Rodrigues.

O reconhecimento internacional de Sebastião Rodrigues não é novidade. Em 1991 viu a sua obra reconhecida pelos seus pares ao receber o Award of Excellence do International Council of Graphic Associations. Desde então o conhecimento da obra de Sebastião Rodrigues pelas novas gerações de designers tem-se revelado.

O leão de Sebastião Rodrigues partilha espaço de capa com o New Alphabet, de Wim Crouwel, uma capa da Avant Garde de Herb Lubalin, ou a sinalética rodoviária britânica de Margaret Calvert e Jock Kinneir.

Sebastião Rodrigues foi um prolífico e excepcional capista e são estes os seus trabalhos mais reproduzidos. Era também um exímio designer editorial, tendo desenhado dezenas de catálogos para a Gulbenkian que são, cada um, um prazer de ver, ler e folhear. A precisão e clareza dos seus layouts precedem a sua assinatura e identificam-no.

Capas de Sebastião Rodrigues / Recolha de Ricardo Santos

Um estudioso e coleccionador das linguagens vernaculares e populares portuguesas, podemos ouvi-lo neste programa da RTP de 1970 dizer que acha «muito útil o tempo que às vezes perco pelo país em viagem, visitando feiras, conhecendo pessoas, falando com artistas populares, oleiros, bonequeiros, cesteiros, etc. Tem servido muito de base ao meu trabalho esses contactos que tenho mantido ao longo dos anos.»

Na mesma entrevista, remata:

«Cá tenho andado, tentando sempre fazer as coisas o melhor possível. Na nossa profissão, o importante, realmente, é fazer sempre as coisas o melhor possível. E estudar, estudar muito. Não no sentido académico, mas mais no sentido da descoberta e da alegria. Isso também será a melhor maneira de corrigir alguns aspectos desagradáveis que surgem nesta actividade, tais como os compromissos sem método e as modas. A experiência aconselhou-me a viver o presente não como uma actualização do passado mas como uma passagem para o futuro. Para sobrevivermos precisamos de saber vencer a rotina mas dando um ar da nossa graça. Isso quase sempre é tremendamente difícil, e no entanto é agradável, porque é bom estar com as pessoas. Fazer um cartaz, uma capa, um livro ou um simples título é um meio… um meio de estar com as pessoas, de comunicar e também de ganhar a vida. Após 27 anos de trabalho, creio que não errei na profissão.»

Autor:
17 Outubro, 2018

O Ricardo Santos é tradutor freelancer. Estuda Estudos Gerais na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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