“Agora vais ver o que é bom para a tosse”. Mike El Nite está de regresso para deixar o país em “ponto de rebuçado”. Mas não é um rebuçado qualquer, é o rebuçado favorito dos teus avós.
Os putos andam com tosse e esta epidemia de cof cof skrrrr skrrrrr tem superado expectativas das farmácias, onde a procura ilegal supera a demanda legal expectável, como se observa pela quantidade de xarope presente nos videoclipes na cena trap. Mas, sejamos honestos, ostentar lean é bué 2015 e se o problema é tosse, existem alternativas… com consequências menos nefastas para a saúde (física e intelectual).
Desconstruir para construir.
A expressão “música conceptual” ganha nova dimensão quando falamos de Mike El Nite — ou pelo menos aproxima-se da plenitude do seu significado. Ostentar Gucci ou Versace em refrões catchy e/ou repetitivos pode ser visto actualmente como padrão básico para atrair o segmento viral do Youtube, contudo aproveitar as ferramentas ao dispor para criar um verdadeiro produto cultural relacional não tem sido método nem objectivo recorrente, pelo contrário…
Nesse aspecto, O Justiceiro, tem vindo a trilhar um caminho notável. Ciente da constante americanização, é capaz de a subverter e fazer da cultura popular portuguesa um dos seus principais ingredientes criativos, misturando a frescura e virtuosidade necessárias para deixar a marca no rap game e ao de leve na cultura pop.
Uma cena é certa, cof cof foi promovido a ad-lib nacional e quando os teus avós te oferecerem rebuçados Dr. Bayard vais passar a lembrar-te da versão millenial do teu primo Bayard.
Mike El Nite é dos poucos rappers que não tem medo de inovar na sua sonoridade e vocês não prestam atenção a isso.
— Conguito (@oconguito) May 7, 2018
https://twitter.com/Totma25/status/993456997298253824
O nome é francês mas a marca tem carimbo nacional. “A tradição que se renova geração após geração” — é o mote de uma marca com mais de 70 anos.
Os rebuçados peitorais Dr. Bayard são aquele “verdadeiro amigo do peito” que perduram no tempo e ajudam no combate ao “catarro”. Dr. Mike El Nite é o alquimista do rap, com a receita secreta para criar música com referências transversais no tempo.
Dr. Bayard tem percorrido um caminho de revitalização da marca no últimos 2 anos. Em 2016 a empresa investiu 15 mil euros para criar um novo site, uma loja online e lançar-se nas redes sociais. Desde então, Daniel Matias, Director de Comunicação da empresa e herdeiro do património do rebuçado tem vindo a realizar um trabalho distinto na preparação do presente e futuro da marca.
Em entrevista ao P3, Daniel Matias fala sobre o público-alvo da Dr. Bayard e o processo de rejuvenescimento dos seus consumidores — “A nossa marca tem um público ainda com bastante mais idade. Se as pessoas não passarem para os filhos, há uma quebra grande na marca”. O director de comunicação, assume ainda que o objectivo sempre foi trabalhar a faixa etária dos 25 aos 35, “com uma linguagem visual que as pessoas não associam muito à Bayard, para trazer pessoas diferentes à marca”.
A pequena fábrica da Amadora, capaz de embrulhar mil rebuçados por minuto, e com capacidade para produzir 800 mil rebuçados por dia, é o pano de fundo para um videoclipe estilo “Mike El Nite and the Bayard Factory”. Um espécie de remake do clássico Willy Wonka and the Chocolate Factory, com realização de Mike El Nite e Cheezy Ramalho.
Em entrevista ao Rimas e Batidas, Mike El Nite explicou como chegou à marca — “A ligação à marca aconteceu através do Wandson Lisboa que postou uma foto com um care package da Dr. Bayard na altura em que eu estava a desenvolver a ideia. Falei com ele e ele apresentou-me ao Daniel, herdeiro da marca e da fábrica, neto do fundador e filho do CEO, que está a frente do marketing actualmente e a fazer um grande trabalho de renovação da marca para as novas gerações. Apresentei-lhe a ideia para o tema e para o vídeo e ele foi super receptivo e digamos, resumidamente, que agora tenho um stash vitalício de rebuçados em casa.”
“Dr. Bayard” é o primeiro single do próximo EP de Mike El Nite com selo Think Music. Conta com as participações de Fínix MG e Sippinpurpp. O instrumental é uma co-produção de Ice Burz e benji price.
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