A oposição entre as políticas da aplicação de mensagens Telegram e as medidas restritivas do Governo russo já é conhecida há muito. Na semana passada, o Tribunal emitiu a deliberação final e esta semana o bloqueio desta aplicação, conhecida pela sua tecnologia em prol da privacidade, tornou-se efectivo num processo tudo menos simples ou pacífico.
O acesso Telegram foi bloqueado pela agência que regula as telecomunicações russas, a Roskomnadzor, que exigiu igualmente a retirada das aplicações da Play Store e App Store. Contudo, a comunidade de utilizadores – também eles conhecidos pela sua apetência tecnológica – não desistiu assim tão facilmente, recorrendo a VPN’s para contornar a proibição.
Também do lado do Telegram havia um trunfo na manga. A empresa liderada por Pavel Durov mudou os seus endereços para as os serviços da Amazon e da Google numa tentativa de dispersar os IP’s associados à aplicação mas a estratégia parece não ter durado muito tempo.
Telegram started using Amazon's AWS to bypass Russian censorship. Now, if you were @roscomnadzor (highly unlikely because nobody's as dumb as these doorknobs), what would you do? Certainly not block 655352 IP addresses belonging to Amazon, right? That would be so stupid… oh pic.twitter.com/AxEHfRUGnU
— Manual (@manualmanul) April 16, 2018
Se durante a tarde de ontem alguns utilizadores elogiavam a estratégia posta em prática – ao migrar os seus serviços para as nuvens destas grandes empresas, o Telegram fica associado a muito mais IP’s tornando-se mais difícil de bloquear –, no início desta terça-feira surgiram as notícias de que o Governo não estará disposto a travar nesta luta.
Russia asks Google and Apple to remove Telegram from stores: Ifax https://t.co/g9CtFSi26P pic.twitter.com/vGy5Xan4oz
— Reuters (@Reuters) April 17, 2018
Segundo reporta a Reuters, as multinacionais norte-americanas já foram avisadas que muitos dos seus IP’s estão a ser bloqueados no seguimento do bloqueio ao Telegram. O caso tem especial importância, uma vez que associados aos IP’s de Google e Amazon estão inúmeros outros domínios e serviços web de acesso habitual por parte dos utilizadores russos.
A random victim… pic.twitter.com/OaOW4f7sGP
— Thomy daheim (@brxs) April 17, 2018
Pavel Durov, em resposta, criou a Resistência Digital
Para contrariar o ímpeto do Governo russo e dar mais força às alternativas, num extenso comunicado publicado no seu canal de Telegram, Pavel Durov anunciou que ia oferecer dinheiro (em forma de Bitcoin) a empresas responsáveis por manter proxies e VPN’s, que possam permitir aos internautas russos continuar a aplicação de mensagens.
Na mesma mensagem, Durov faz um ponto da situação, revelando que o público russo perfaz 7% dos utilizadores da plataforma e que, do ponto de vista comercial, o bloqueio na Rússia não seria grave, mas que esta luta é pessoal e que fará tudo o que puder pelos utilizadores da sua terra natal.
Within the last two days, Russia blocked over 15 million IP addresses in attempts to ban Telegram on its territory. Regardless, Telegram remained available for the majority of Russia’s residents #digitalresistance https://t.co/2syVbVzXPg
— Pavel Durov (@durov) April 17, 2018
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