Em 2010, enquanto procurava por cenas “novas” no Youtube deparei-me um rapper que se intitulava Supremo G. O dope boy rapidamente me conquistou e tornou-se nome habitual na minha playlist. Dois anos depois, em 2012, enquanto organizador – ou aspirante a organizador – de eventos na cidade de Setúbal, convidei o então já denominado Jimmy P para um concerto em Setúbal. Com o Momento da Verdade na back, e acompanhado por Jepê, deu o seu primeiro concerto na capital de distrito da Margem Sul, algo que viria a repetir em 2016, na Semana Académica.
Nessa época, já o rapaz do egotripping e rimas simples mas fugazes produzia aqueles que viriam a ser os primeiros presságios de uma promissora carreira. Após esse concerto seguiram-se uma serie de hits consecutivos. Em 2012 lança as faixas “So High”, com Kyara Rose e “Natty Dred”, porém o processo de maturação deste artista, em direcção topo da cadeia artística, entra em estado de ebulição com o lançamento de “O Que Vai Ser”, em Junho de 2013, o single que definitivamente catapulta Jimmy P para o topo do rap em português. Desde então 3 álbuns foram lançados e dezenas de concertos foram dados por todo o país, do rapper que afirmava vir para fazer história.
As saudades que eu tinha disto… Foi bom voltar a ouvir este registo de Jimmy P. Outrora mais usual no seu reportório, o rapper tem vindo, gradualmente, a deixar as punchlines, em prol de um rap tido como mais pop e com sonoridades mais transversais, conquistando novos públicos, abordando sobretudo temas associados ao universo amoroso. Contudo o feeling sempre esteve lá, embora a fome de matar rappers aparentemente não seja a mesma de antigamente, o monstro está lá, meio adormecido, mas está…
Abandonar o egotripping não significa deixar o rap puro. O rap puro, esse, na sua fase inicial, era sobretudo um hino à festa e a celebração entre a amigos e aqueles que amas. O Rap puro é também aquele que casa com o R&B, até porque à partida não vais criar aquele clima com a tua miúda/o com uma faixa politico-revolucionária ou sobre money n bitches, embora gostos não se discutam e as vibes sejam muitas.
Inserido no projeto XL Cypher, é uma colaboração com a comunidade angolana com o apoio da Hip Hop Angola e Nankova. E se para alguns angolanos ainda pode significar a primeira aparição de Jimmy P nos seus ecrãs e headphones, em Portugal serviu sobretudo para acalmar os mais saudosistas. O instrumental foi produzido por SuaveYouKnow e o videoclipe conta com a assinatura de Thomas Zimmermann.
Jimmy P não é só melhor que o teu ex, como é simultaneamente um dos nomes mais importantes da música em português. O vosso boy Jimmy P nunca deixou de ser supremo naquilo que faz, simplesmente ganhou outras prioridades. O mercado português pode ser apenas o inicio da carreira deste artista, que também rima em francês, resultado da sua adolescência passada em França. Mas só o próprio saberá que caminho tomar. Para 2018 está previsto o lançamento do seu quarto álbum.
Até agora já são conhecidos os temas “Dramas como tu”, “Num Dia Mau” e o mais recente “Sempre que Acordares”, o último inspirado na família e sobretudo no facto de ter sido pai recentemente.
You must be logged in to post a comment.