Netanyahu confunde Boris Johnson com Yeltsin: “Era só para ver se estavam atentos”

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Imagem via Shifter

Netanyahu confunde Boris Johnson com Yeltsin: “Era só para ver se estavam atentos”

O gabinete do Primeiro-Ministro israelita tentou corrigir a gaffe, editando o vídeo do momento.

“Voltei de uma visita muito agradável em Londres, onde me encontrei com o primeiro-ministro Boris Yeltsin e o secretário de Defesa dos EUA”, disse Netanyahu no início da reunião semanal de domingo, com o seu Governo. Depressa os foi corrigido por ministros e oficiais, que o relembraram que se encontrou com Boris sim, mas Boris Johnson. O Primeiro-Ministro israelita sorriu, ironicamente, antes de se corrigir, dizendo que estava só a verificar se todos estavam a prestar-lhe atenção.

Benjamin Netanyahu encontrou-se na passada quinta-feira em Londres com o seu homónimo britânico, que está ocupado a supervisionar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, apesar da oposição do Parlamento e de uma facção do seu próprio partido.

Aquilo que podia ter sido um mero engano acabou por ser elevado a caricatura, graças ao cada-vez-menos-admirável mundo da tecnologia. É que poucas horas depois da gaffe do Primeiro-Ministro, o seu gabinete divulgou nas redes sociais um vídeo da reunião e desse momento específico que aparece desajeitadamente editado, com um corte abrupto dos planos e a voz de Netanyahu dizendo “Boris Johnson”, provavelmente retirada de uma outra altura em que o PM não se enganou, a dobrar-se a si mesma.

https://twitter.com/EylonALevy/status/1170687824338784256

Não tivessem os internautas israelitas sido rápidos o suficiente a publicar o vídeo real – e os activistas a transformar o lapso em pósteres e campanhas – e provavelmente não teríamos tido acesso a este exemplo tão paradigmático do funcionamento do poder no estado de Israel. Porque é que o Primeiro-Ministro não se pode enganar? Ou até pode, mas o erro não pode ser divulgado? “Errar é humano” mas não para um líder? Neste seu tempo recorde como Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu já deve ter-se encontrado com dezenas de líderes mundiais, não há mal em ter dificuldade em acompanhar todos os seus nomes.

O antigo Presidente russo Boris Yeltsin morreu em 2007, e foi o primeiro Presidente da Federação Russa, entre 1991 e 1999. Estava no activo quando Netanyahu se tornou Primeiro-ministro de Israel em 1996, e os dois chegaram a estar juntos em Moscovo em 1997. Boris Johnson está vivo mas luta pela sua vida política.

A gaffe surge numa altura em que também Netanyahu luta pela sua sobrevivência antes das eleições parlamentares da próxima semana. Netanyahu tenta a reeleição, depois de em Abril não ter conseguido formar uma coligação para o novo Governo, depois de desentendimentos com os partidos judeus ultra-ortodoxos. As eleições que ninguém queria, como relata o The Guardian, – nem o Governo, nem a oposição, nem a população, nem certamente o tesouro, que estima que esta segunda ida às urnas custe mais de 100 milhões de euros – tornaram-se ainda mais importantes desde o final do mês passado. A Casa Branca anunciou que só vai apresentar o plano de paz para pôr fim ao conflito israelo-palestiniano depois da votação geral em Israel. Relembramos que o plano está a ser elaborado há mais de dois anos, encabeçado por Jared Kushner, conselheiro da Casa Branca e genro de Trump, e que o número dois nos trabalhos, o enviado especial de Washington para o Médio Oriente, anunciou a semana passada a sua demissão. A CNN avançou que a saída de Jason Greenblatt acontece após diversos atrasos na divulgação do plano que, de acordo com a estação, está praticamente finalizado desde o ano passado.

Importa ainda dizer que a campanha de Netanyahu para estas eleições o retratam como um estadista veterano, com estreitas relações com vários líderes mundiais.

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  • Rita Pinto

    A Rita Pinto é Editora-Chefe do Shifter. Estudou Jornalismo, Comunicação, Televisão e Cinema e está no Shifter desde o primeiro dia - passou pela SIC, pela Austrália, mas nunca se foi embora de verdade. Ajuda a pôr os pontos nos is e escreve sobre o mundo, sobretudo cultura e política.

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