“É aqui que vivemos em condições extremamente difíceis”: no Chile há um deserto inundado com as nossas roupas

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“É aqui que vivemos em condições extremamente difíceis”: no Chile há um deserto inundado com as nossas roupas

Todos os anos chegam toneladas de roupa ao Deserto do Atacama, no Chile. Francisco Nunes foi conhecer Desierto Vestido, uma ONG formada por jovens da região de Tarapacá, que se dedica a consciencializar, investigar e actuar em questões relacionadas com esta problemática.

Na porta de entrada um logótipo formado por um cabide interligado ao símbolo de circularidade e por baixo o nome “Desierto Vestido”. Lá dentro uma máquina de costura, carrinhos de linhas, alfinetes, tesouras e uma das paredes forrada a remendos de ganga cosidos. Nas prateleiras alguns cabides com variadas peças de vestuário e sacos cheios de roupa indiferenciada. Poder-se-ia pensar que todas estas roupas fossem peças que já alguém já usou e que, por algum motivo, decidiu doar. Mas não, nenhum destes artigos, e são muitos, foi usado sequer uma vez. No intervalo de vida útil de uma peça de vestuário saltou-se precisamente aquele que lhe confere a utilidade, que é quando se usa. Mas já lá chegamos. Comecemos pelo fim, que é também o ponto de partida do compromisso dos intervenientes deste relato.

A ONG Desierto Vestido

Encontramo-nos com Bástian Barría na Rua Obispo Labbe 780 onde se situa a Casa de Ofícios, uma loja situada no centro da cidade de Iquique que visa justamente a promoção de diversas actividades relacionadas com educação ambiental, dando especial ênfase à reutilização têxtil e economia circular. É aqui a sede da fundação Desierto Vestido.

Bastián é um jovem Iquiquenho estudante de engenharia civil com uma consciência ambiental e social evidentes, ou não fosse ele co-fundador da ONG Desierto Vestido, uma fundação que tem como principal objectivo dar visibilidade à grande problemática que afecta a comunidade de Alto Hospicio devido ao descarte de grandes quantidades de roupa que se vão depois acumulando no deserto Chileno do Atacama. 

Digo-lhe que chegámos cá motivados por um artigo na imprensa internacional e sem saber muito bem antes de sair se iríamos sequer ter a oportunidade de ir a estes vertederos (lixeiras a céu aberto). Queríamos perceber melhor o que eram e como se estavam a formar no deserto Chileno do Atacama, e em relação aos quais, de certo modo, seríamos também co-responsáveis. Ele mostra-se surpreendido quando lhe dizemos, agora verbalmente, que vimos de Portugal. Apesar de já ter sido contactado pelos media de outros países, de Portugal nunca tinha visto interesse. Asserto a surpresa, pois não tínhamos ainda visto abordado também este problema nos media portugueses.

Desierto Vestido é uma ONG fundada em 2020

Durante uma breve conversa e visita à loja, Bástian e Ángela, que se juntou a nós pouco depois, explicam-nos que a fundação Desierto Vestido, surgida em Setembro de 2020, pretende “influenciar políticas públicas e decisões vinculadas às acções necessárias para atacar o problema do descarte têxtil”. Formada por jovens de diversas áreas (do Direito à Geologia e à Engenharia), esta ONG dedica-se a consciencializar, educar, investigar e actuar na região de Tarapacá sobre o problema do vestuário importado e o seu descarte não regulado no deserto do Atacama.

Ángela Astudillo, uma das co-fundadoras da ONG e conhecida dos moradores das áreas mais afectadas, está também a criar um oásis verde numa das encostas de Iquique, a poucos quilómetros dos vertederos de Alto Hospicio. Reaproveitando peças de roupa despejadas nos vertederos, como meias e gangas, que por serem de algodão se decompõem no solo ajudando na retenção de água para as regas, Ángela Astudillo, recicladora certificada, está activamente a mudar a paisagem inóspita do deserto.

Ángela iniciou a sua carreira académica em Direito e, como sempre se considerou uma ambientalista e inquietou com a problemática dos aterros têxteis à sua porta, sentiu que poderia ter um papel mais activo na sua resolução.

Ángela Astudillo na sede da ONG Desierto Vestido

O primeiro passo, veiculado pela ONG, passaria assim por dar maior visibilidade à problemática através da elaboração e divulgação de material educativo, pois mesmo muitos dos habitantes da cidade ignoravam o que realmente acontecia para lá dos morros. De certo modo, “esta é uma problemática silenciosa, uma vez que para a população que vive na costa, nos melhores bairros de Iquique, este problema não existe e, por isso, não sofrem com ele.” 

Como estudante de Direito Ángela ajuda agora também na mediação com os Governos locais e nacionais na elaboração de leis que procuram minimizar e encontrar resolução para a problemática, bem como proteger os habitantes locais. 

Na “Casa de Ofícios”, sede da ONG, “recuperamos peças de vestuário descartadas, distribuímo-las aos nossos colaboradores que são empreendedores da área dos têxteis e reconvertemo-las em peças de vestuário com um novo valor comercial”, dando especial relevo à incorporação da resolução desta problemática em acções de sustentabilidade e economia circular. 

Este papel activo da organização levou a que os meios de comunicação social os tenham procurado e a consequente difusão nas redes sociais “tem gerado um mal-estar colectivo que não só incomoda aqueles que são directamente prejudicados, mas também muitas outras pessoas no país”, o que “significa que as autoridades prestaram mais atenção ao que está a acontecer e, por conseguinte, existe uma maior vontade política para tomar as acções correspondentes sobre esta questão”.

“Devido à comoção causada pelo aparecimento de reportagens, imagens e pessoas a falar sobre o problema, geraram-se também processos no tribunal ambiental que buscam estabelecer mecanismos de responsabilização e acções contra o problema”, continua Bástian.

Uma paisagem a mudar

Todos os anos cerca de 59,000T de roupa, em segunda mão ou por estrear, feita na Ásia (Bangladesh, China, Tailândia, etc) passa pela Europa, EUA e Canadá antes de chegar ao Chile pela Zona Franca do porto de Iquique (ZOFRI), onde é depois revendida na América Latina.

Aqui as peças são seleccionadas e classificadas, e depois ensacadas em fardos de 45, 40, 23 e 20 Kg, sendo que as peças que não cumprem com os requisitos estabelecidos pelos importadores (merma) não podem ser revendidas nem descartadas em aterros legais. Estima-se assim que anualmente cerca de 39,000T de roupa que a ninguém serve acabem por ser despejadas ilegalmente em lixeiras a céu aberto nas imediações da localidade de Alto Hospicio, numa prática que se repete há mais de quinze anos. 

Por este motivo em Alto Hospicio, Iquique, no deserto do Atacama Chileno, uma das regiões mais secas do mundo, a paisagem tem vindo a mudar rapidamente nos últimos anos e, resultado da sobreprodução massiva imposta pela indústria de moda, as dunas de areia avermelhada estão a ficar cobertas por toneladas de material têxtil sintético multicolor e não biodegradável, num eminente atentado ambiental e saúde pública das comunidades locais.

As dunas vermelhas do Deserto do Atacama tornam-se ainda mais áridas e inóspitas com as enormes quantidades de material têxtil não biodegradável despejado

Porque a maioria destas roupas são feitas de materiais sintéticos e produtos químicos, e por isso não degradáveis, estas demoram centenas de anos a serem decompostas, contribuindo para o acumular de resíduos tóxicos em lixeiras têxteis ilegais que, em conjunto com outros materiais despejados como pneus, acabam por atrair outros vectores de transmissão de doenças e põem ainda mais em risco algumas das populações mais vulneráveis e carenciadas do Chile, que vivem nas imediações dos vertederos de Alto Hospicio.

Nestes montes de roupa despejada nos vertederos é possível encontrar peças das marcas mais usadas e desejadas no Mundo. Seja na montra de uma loja de roupa de Oxford Street, nos armários digitais de influencers ou nos pés de modelos a pisar os bastidores das mais exclusivas semanas de moda, as mesmas peças separadas pelo pequeno detalhe de não terem sido vendidas. Continuam, no entanto, a ter algo em comum: mesmo com quilómetros de distância a separá-las, não deixam de ser apenas mais uma peça entre outras – num sítio parte de uma colecção, no outro, de uma lixeira.

A emergência ambiental e social do outro lado do Mundo

Se o impacto social de um consumismo desenfreado na indústria têxtil – deslocação de produção a baixo preço para países asiáticos, baixos salários, trabalho infantil nas fábricas – já é bem entendido aqui na Europa, o seu impacto e efeitos nefastos para o ambiente no outro lado do Mundo são menos conhecidos e divulgados. 

No deserto do Atacama este é ainda mais problemático e desastroso pois, como nos diz Bástian Barría, “durante mais de 15 anos as roupas foram despejadas na sua maioria nos sectores vizinhos das habitações de Alto Hospicio, particularmente em povoações vulneráveis, sendo em seguida queimadas a céu aberto com o objectivo de arranjar mais espaço para continuar a despejar”.

Assim aconteceu já mais de uma vez, com a principal lixeira têxtil de Alto Hospicio a ser queimada intencionalmente na sua quase totalidade. Apesar de não haver números oficiais sobre os impactos socioambientais causados pelo incidente, nem um pronunciamento da autoridade local sobre os factos, estima-se que o incêndio tenha afectado uma área de 500m2 sem, no entanto, terem resultado baixas humanas. Uma visita ao vertedero, que mais não deveria ser que uma lixeira a céu aberto, permite ainda ver algumas fumarolas e roupas queimadas, bem como perceber que “o incêndio foi intervencionado com pás e camiões que se encarregaram de enterrar a roupa queimada” e que, “no entanto, roupas deitadas fora juntamente com outros resíduos [maioritariamente pneus] reaparecem no local, com estas lixeiras a terem profundos impactos ambientais e sociais”.

“Ainda que actualmente a situação tenha mudado quanto à quantidade de roupa que é despejada nas povoações vizinhas [de Iquique]” e estes despejos ocorram em sectores mais longínquos e em menor quantidade, “para lá dos cerros do Deserto do Atacama a roupa é queimada imediatamente para eliminar qualquer tipo de evidência.”

Bástian refere-nos ainda que como “não existe uma fiscalização eficiente e de momento não há uma articulação legal para descartar a quantidade de roupas que chega [ao porto de Iquique], a queima de roupas é frequente”. Cada vez que estes incêndios ocorrem, e que demoram dias a extinguir-se, os fumos tóxicos libertados causam reacções alérgicas, dificuldades respiratórias e vómitos a algumas das pessoas que ali vivem. Mesmo Bástian que, apesar de agora morar na cidade [de Iquique] e mais longe do vertedero, continua, como toda a restante população da cidade, a sentir na primeira pessoa os efeitos indirectos de cada incêndio que deflagra.

Existe um grande trabalho de reaproveitamento dos têxteis ali despejados

Ainda que não sejam as várias marcas a despejar directamente roupa no Deserto do Atacama, a sobreprodução da indústria e as suas cadeias de fornecimento tornam-as também responsáveis, e “enquanto não houver acções concretas, essas dinâmicas não mudarão”, remata Bástian.

O vertedero de Alto Hospicio

Durante a tarde do dia seguinte ao encontro com Bastián e Ángela irá decorrer uma feira, maioritariamente de materiais reciclados, na Casa de Oficios (e há bancas para organizar), a ida ao vertedero ficou assim marcada para as 10h30 da manhã.

Apanhamos Bástian na sua rua e seguimos para apanhar Ángela. Bástian, que cresceu na localidade de Alto Hospicio, vive agora em Iquique. O caminho de Iquique, na costa, até Alto Hospicio, no alto do morro, permite ter uma vista privilegiada sobre a cidade com o mar no horizonte. Durante o caminho, Bástian vai-nos descrevendo a vida enquanto criança em Alto Hospicio e como “agora já não podia passar o tempo todo a jogar à bola, ou andar de bicicleta nas ruas sem grandes preocupações”, uma vez que a criminalidade tomou proporções invulgares e alarmantes para aquelas povoações – a região de Tarapacá, que nos últimos cinco anos viu a taxa de homicídios aumentar 240% é já a região mais violenta do país.

Ángela mora na transição da povoação de Alto Hospicio com o deserto do Atacama, mais ou menos o local onde as estradas começam a deixar de ser pavimentadas e as casas deixam de ser de tijolo e cimento. É à porta de sua casa que nos encontramos com ela. Antes de seguirmos para o vertedero, Ángela pergunta se podemos passar ainda num supermercado para comprar alguns mantimentos. Com toda a naturalidade, concordamos. Os mantimentos são para a Dona Manuela, que ainda não sabemos quem é, mas percebemos, à medida que vamos seguindo, ser uma pessoa importante para Ángela e na comunidade. 

O caminho de Iquique, na costa, até Alto Hospicio, no alto do morro, permite ter uma vista privilegiada sobre a cidade com o mar no horizonte

A viagem até ao vertedero ainda demora e, a partir de uma certa altura, as estradas são em terra batida. Lá as casas são em madeira, chapas e plásticos. Pelo caminho vamos vendo, na rua, crianças com idade escolar ​que, após perguntarmos, percebemos que não têm acesso à educação escolar.

Uma cancela, que após me certificar com Bástian e a Ángela, vou abrir para podermos prosseguir, veda o acesso ao aterro. Numa tentativa de diminuir o descarte de têxteis e outros lixos, o acesso ao vertedero é agora restrito e apenas empresas certificadas podem entrar. 

Madeira, chapa e plástico são os materiais mais usados na construção das habitações na zona

À chegada Ángela sai em primeiro com as compras e entra numa habitação onde fica a falar durante alguns minutos. É a casa de Manuela Medina e sua família, de quem Ángela é bastante próxima e vem ajudar e fazer companhia sempre que pode. Dona Manuela queixa-se que Ángela já não a visitava há algum tempo, o que confirma a proximidade das duas. Agora também já a conhecemos.

“Não podemos ir a lado nenhum – é aqui que vivemos em condições extremamente difíceis”, e “cada dia corremos o risco que outro incêndio deflagre e as nossas famílias é que vão sofrer as consequências”, diz-nos Manuela Medina, que mora com o marido Manuel e o filho Alexis numa construção rústica de madeira e chapas  – que, apesar do aspecto provisório, se tornou permanente  – sem água canalizada ou saneamento, nas imediações do vertedero de Alto Hospicio onde recentemente toneladas de roupa foram queimadas sem qualquer controlo.

Manuela, que terá sido uma das pioneiras nas trocas de roupa na localidade de Alto Hospicio, é também agora reconhecida em toda a localidade pelas suas acções de beneficência para com a comunidade, tendo inclusivé uma das ruas do ajuntamento da periferia com o seu nome. É uma mulher inconformada e resiliente, que os amargores e adversidades que passou tornaram doce e afectuosa.  

Manuel, o seu marido, vítima de um acidente que o fez ficar “cingido a esta cadeira de rodas para o resto da vida”, conta-nos que as condições de vida são precárias, os apoios institucionais são poucos ou nenhuns e que a delinquência atingiu níveis bastante elevados. “Não é seguro andar nas ruas, os assassinatos são comuns principalmente entre as comunidades de imigrantes, e muitas destas pessoas porque não têm nada a perder são capazes de matar para roubar uma bicicleta”, diz-nos, confirmando o que Bastián nos relatava durante a viagem. 

Ficamos a falar com Manuela e a família durante algum tempo. Contam-nos como têm poucos apoios e como pouca gente se preocupa com eles, que moram ali, dentro do vertedero. Já ouviu falar de Portugal, mas nunca teve a oportunidade de conhecer. Para esta família as oportunidades raramente deixam de ser apenas palavras e se concretizam.

De algum tempo para cá, porém, e desde que a fundação Desierto Vestido começou a dar visibilidade à problemática do descarte têxtil no deserto, têm tido mais visitas, principalmente de jornalistas nacionais e internacionais, e têm sentido maior preocupação para com eles.

O aumento da criminalidade é, porém, um ponto recorrente durante a conversa, e Manuel diz-nos que se “estiverem muito tempo com o carro estacionado fora da cancela, quando voltarem ao carro podem já não ter as rodas”. Ángela corrobora e diz-nos que o seu irmão já teve uma arma apontada à cabeça por causa de um assalto, em plena rua e à luz do dia.

Durante a descida, numa zona mais lenta, ouve-se uma família dentro da barraca de madeira e cartão a discutir por causa de plata. Dinheiro e consumo de substâncias psicoactivas são outros dos problemas da comunidade, especialmente na de imigrantes precários. Ángela conta-nos que Alexis, o filho da Dona Manuela, costuma agora cobrar a quem lhes quiser tirar fotografias, para alimentar os seus vícios. É talvez o reverso da maior visibilidade que esta problemática tem vindo a ganhar, mais pessoas querem conhecer o vertedero e Alexis, que lá mora, tenta tirar algum proveito daí. Nós talvez tenhamos tido a sorte e o privilégio de ir com a Ángela e o Bástian e poder assim privar com a família da Dona Manuela de um modo mais próximo e genuíno. 

Apesar de haver cada vez mais consciência em relação às roupas que usamos, a fast fashion continua ainda a ser o paradigma na indústria têxtil. A cada nova estação, nova muda de roupa. No entanto, e se é certo que começa a haver cada vez mais consciência em relação às peças que usamos, seja porque são produzidas em países com leis e práticas de trabalho mais dignas, seja porque têm em consideração produções e materiais mais sustentáveis, em relação às que não vamos usar essa consciência cai em saco roto.

Talvez as etiquetas das peças de vestuário devessem começar a ter também, além da referência made in onde foram feitas, a referência to be discarded in onde vão ser deitadas ao lixo se ninguém as usar – e ficaríamos surpreendidos em como não coincidem. Ou talvez não.

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  • Francisco Nunes

    Francisco Nunes sempre foi um curioso e por isso estudou e é formado em Biologia, com uma pós-graduação em Antropologia Forense. Agora, no entanto, é fotógrafo e a sua intenção passa contar o que está a acontecer quando aconteceu, bem como as suas próprias histórias, e as dos outros, através da fotografia

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