‘Animal Crossing: New Horizons’ deixa-nos ser livres em tempo de confinamento

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Imagem via Nintendo

‘Animal Crossing: New Horizons’ deixa-nos ser livres em tempo de confinamento

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O lançamento do jogo Animal Crossing: New Horizons foi tão bem sucedido pela capacidade de aproximar as pessoas, numa altura em que o distanciamento social é imperativo.

Nos últimos meses vimo-nos forçados viver confinados nas nossas casas e isso levou a que muitos explorassem novos horizontes, desde a bricolage à panificação, e outros tantos procurassem novas formas de entretenimento, como literatura e cinema, para escapar à monotonia da quarentena. Mas há uma outra forma de entretenimento, nomeadamente o gaming, que acabou por ser tomada de assalto pelo fenómeno Animal Crossing: New Horizons.

Numa altura em que se esperava a queda da receita no lançamento de novos títulos – muito pela força de vendas que as edições físicas ainda comportam –, Animal Crossing: New Horizons revelou-se um dos melhores remédios para escapar à insana realidade da pandemia. Registando um fascinante número de vendas, que ultrapassa já os 13,4 milhões de cópias, desde o seu lançamento a 20 de Março, New Horizons é já o título mais vendido da história da Saga.

Harmonia entre liberdade e criativade

Mas, e afinal, em que consiste a jogabilidade de Animal Crossing? Resumindo, trata-se de um simulador de vida relaxante e imersivo, onde se controla um aldeão humano recém chegado a uma sociedade composta por animais antropomorfizados. Neste meio, o jogador tem uma casa a qual terá de pagar com dinheiro virtual (sinos), que por sua vez ganha ao cumprir tarefas atribuídas pelos vários animais. Não obstante, as relações que se tem com estes personagens não são pro-bono, uma vez que estes pertencem a diversos grupos de personalidade distintos, podendo o jogador criar relações de amizade ou conflito com eles.

Não existe uma linha narrativa imposta ao jogador e consequentemente não existe erro, morte ou direcção correcta a seguir. Esta é a fórmula transversal a todos os jogos da série, uma jogabilidade simples e sem propósito aparente que tem o seu encanto e com a qual é fácil se perder a noção do tempo.

Em New Horizons, o pano de fundo é uma ilha personalização onde se pode pescar, caçar insectos, colher frutos, decorar casas, entre muitas outras actividades. Em relação à personalização da própria ilha, as limitações são apenas a criatividade do jogador, uma vez que o aldeão que controla é uma espécie de semideus capaz de terraformar o ambiente à sua volta, muito à semelhança de Minecraft. Queres uma casa numa encosta com uma cascata a atravessar o teu jardim? Pega numa pá e começa a escavar! Ou, então, se preferires transforma a tua ilha numa tela e pinta um retrato, como o fez o utilizador do Reddit B4SSOON, que se aproveitou das diferentes cores de gramagem disponíveis no jogo para desenhar a cara de Dany DeVito na sua ilha.

Dany DeVito segundo o utilizador do Reddit B4SSOON (imagem do próprio)

Um ponto de encontro em tempo de Confinamento

Sim, New Horizons era um título já há muito esperado pelos fãs da saga, mas outro motivo pelo qual o seu lançamento foi tão bem sucedido tem a ver com a sua capacidade de aproximar as pessoas, numa altura em que o distanciamento social é imperativo. A opção de jogar online e interagir com outros jogadores é quase mandatório hoje em dia e, seguindo esta tendência, New Horizons permite que os jogadores visitem as ilhas dos amigos e possam passar tempo de qualidade com eles numa ilha paradisíaca virtual.

Por cá, a modos que temos dois embaixadores não oficiais deste fenómeno, nas pessoas de Nuno Markl e Wandson, que vão aproveitando as redes sociais para partilhar as aventuras e sucessos vividos na Nunânia e na Ilha Maranhão, respectivamente.

O espírito de comunidade é evidente entre os fãs do título, e que o diga Markl, que, após confessar publicamente no seu Instagram que cobiçava uma coroa cujo valor ultrapassava o milhão de sinos, um grupo de jogadores decidiu unir esforços para comprar e oferecer essa relíquia ao humorista. O resultado foi a comunhão entre camaradagem e solidariedade e a consagração de Markl como rei da Nunândia.

“Cosplayception”

O cosplay é uma variante da cultura pop que consiste em representar uma determinada figura irreal por intermédio de indumentária, maquilhagem e interpretação. É uma prática bastante comum em eventos como a Comic Con, chegando a haver concursos para determinar a melhor caracterização; porém, New Horizons é de tal forma convidativo no que concerne a criatividade que permite criar ou introduzir designs personalizados, para usufruto do teu avatar – que, por sua vez, é já um personagem virtual a fazer cosplay de ti. Para isso, é necessário usar uma app que importa fotos para o jogo e não tardou para que surgissem criações fiéis tanto de outros títulos da Nintendo.

Por exemplo, Fire Emblem é um dos títulos mais populares da Nintendo e o cosplay dos seus personagens tem sido uma tendência crescente em New Horizons. Mas a estes juntam-se as indumentárias de Link, Sephiroth, Totoro, Geralt, entre muitos outros.

E não se ficam por aqui as referências, pois nem Star Wars escapa de aparecer pelas ilhas, como é o caso deste cosplay de Rey, da última trilogia da saga Skywalker.

https://twitter.com/rskittless/status/1242458524237651968

Para usufruir deste nível personalização, é preciso a ajuda das Able Sisters na ilha, sendo, contudo, algo que poderá demorar alguns dias a estar disponível.

Animal Crossing: New Horizons permite isto tudo e muito mais e, por isso, deve ser considerado o herói desta pandemia; numa altura em que as nossas liberdades estão condicionadas, de forma a que se garanta o bem comum, permite a cada indivíduo ser o que quiser e quando quiser na sua pequena ilha.

Índice

  • Daniel Silva

    Frequentou a Universidade de Coimbra onde concluiu o Mestrado de Estudos Europeus e ganhou o bichinho da investigação e consolidou o vício da escrita. Posteriormente decidiu complementar os estudos em Aveiro, com o Mestrado de Marketing, área do qual já fora profissional numa multinacional e que agora trabalho como freelancer, onde procura ajudar as PMEs a contar as suas histórias e a crescer no mundo digital. Para além de perder imensas horas de sono a jogar, gosta ainda de escrever e tagarelar sobre cinema, videojogos e ocasionalmente política.

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