Coronavírus ameaça uma das maiores feiras de tecnologia do mundo

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Foto de Lenovo via Flickr

Coronavírus ameaça uma das maiores feiras de tecnologia do mundo

Tecnológicas estão a cancelar a sua presença no MWC, em Barcelona. Feira vai acontecer na mesma, mas a epidemia de coronavírus lembra que a tecnologia móvel que domina o mundo é sobretudo asiática.

Espanha confirmou este domingo o seu primeiro caso de infecção por coronavírus. Por todo o mundo, este vírus já fez 908 mortes e infectou mais de 40 mil pessoas. O pico da epidemia ainda está por chegar, segundo avança a Comissão Nacional de Saúde chinesa.

O coronavírus está a ter consequências um pouco por todo o mundo, tantas que prevê-se que venha a afectar uma das maiores feiras de tecnologia do mundo – o MWC, sigla para Mobile World Congress. Organizada em Barcelona, trata-se da maior feira de tecnologia móvel do mundo e, com o advento dos smartphones há um par de anos, tornou-se o palco para as grandes empresas fazerem os seus lançamentos anuais, contando com a presença de jornalistas e bloggers de todas as partes do mundo.

Apesar de já não ser o que era – marcas como a Samsung ou a Huawei têm vindo a optar por eventos próprios, fora do timing do MWC e fora também de Barcelona –, o MWC mantém a sua relevância no calendário tecnológico global; é a segunda maior e mais importante feira a seguir à CES, contando com a presença dos grandes players do sector, stands de empresas mais pequenas e visitantes de diferentes partes do mundo.

Mas o coronavírus está a ameaçar esta edição do MWC. Uma boa parte dos participantes da feira costumam ser chineses ou asiáticos em geral, e a feira conta também com uma boa mostra de expositores da China, como a Xiaomi, Vivo e Honor (que mantém intenção de ir), ou mesmo a Huawei, um dos principais patrocinadores do certame. Aliás, a maior parte da tecnologia móvel provém da Ásia; as maiores fabricantes de telemóveis são sul-coreanas, chinesas ou japonesas, e as tecnológicas asiáticas dão também cartas noutras áreas como o 5G.

Na sequência do coronavírus, algumas das grandes tecnológicas já cancelaram a sua ida ao MWC. A LG justifica-se com “a segurança dos seus funcionários e do público em geral”; a ZTE cancelou a sua conferência de imprensa por “não querer deixar as pessoas desconfortáveis”; a Sony diz ter considerado o “bem estar dos consumidores, parceiros, media e funcionários”; e a Amazon também não vai “devido ao surto e preocupações contínuas sobre o novo coronavírus”. Sem contar com a Amazon, tanto a LG, como a ZTE e a Sony costumavam usar o MWC para lançar novos telemóveis e outros produtos. A Sony já disse que irá lançar a sua próxima família de smartphones Xperia online, através do seu canal de YouTube.

A Huawei já não ia lançar a sua próxima geração de smartphones – a linha P40 – no MWC, mas mantém a presença na feira como um dos principais patrocinados, ainda que fontes próximas à empresa indicam que esta irá reduzir algumas das iniciativas que teria previstas para Barcelona bem como o número de funcionários que irá levar à capital catalã. A GSMA, que organiza o MWC, referiu que o evento vai realizar-se este ano, entre 24 e 27 de Fevereiro, apesar das ameaças resultantes da nova estirpe do coronavírus, e de uma boa parte dos visitantes do evento ser proveniente a China. É que o MWC, apesar de tudo, tem a sua importância: recebe cerca de 110 mil participantes de 200 países e de 2400 expositores (mais que o Web Summit), ocupa os 240 mil metros quadrados da Gran Fira de Barcelona (o dobro da FIL já com a expansão prevista), e estima-se que esta edição de 2020 venha a traduzir-se num impacto económico de 492 milhões de euros (mais do dobro do impacto do Web Summit).

A organização diz que existirão alguns cuidados, nomeadamente mais apoio médico no local, comunicação de cuidados que os participantes devem ter (como não dar apertos de mão) e medidas de desinfestação das escadas rolantes e outros espaços. A GSMA também anunciou que vai bloquear o acesso a todos os participantes oriundos de Hubei, a província chinesa onde terá começado o novo surto do vírus, e também a todas as pessoas que tenham estado na China há menos de 14 dias antes do arranque da feira.

Certo é que o MWC este ano não deverá ser tão pacífico como o dos anos anteriores. O The Verge aponta que poderá surgir algum racismo em relação a asiáticos em geral que estejam no evento, fruto de receio e desconfiança das pessoas por possível contágio.

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