Bolsonaro está a acelerar a desflorestação da Amazónia

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A desflorestação na Amazónia (foto de Alexander Gerst/ESA via Flickr)

Bolsonaro está a acelerar a desflorestação da Amazónia

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Jornal britânico The Guardian denuncia políticas perigosas do recém-eleito Governo do Brasil.

O equivalente a três campos de futebol por minuto é o actual ritmo de desflorestação da floresta Amazónia, no Brasil, de acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A velocidade com que a floresta amazónica está a desaparecer tem aumentado de mês para mês, tendo em Julho atingindo novos recordes: menos 1300-1400 km quadrados de massa verde, uma área equivalente à área https://staging2.shifter.pt/wp-content/uploads/2021/02/e03c1f45-47ae-3e75-8ad9-75c08c1d37ee.jpgistrativa da Grande Londres.

O valor da desflorestação referente a Julho é um terço mais elevado que o recorde anterior, atingido em Junho. Os dados são recolhidos pelo sistema de satélite Deter B, que entrou em actividade em 2015, e apesar de serem considerados preliminares costumam ser suficientes para apontar tendências – dados mais detalhados chegam anualmente através de outro sistema de satélite, mais poderoso, chamado Prodes.

O jornal The Guardian escreve que o aumento do ritmo de desflorestação se deve às políticas de Bolsonaro, eleito com apoio forte dos negócios agrícolas e da indústria mineira. De acordo com o The Guardian, Bolsonaro chegou a dizer que os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são mentiras e criticou o director daquele instituto estatal de investigação. O Presidente brasileiro insistiu também que os números devem ser revistos pelo Ministro da Ciência e Tecnologia e por ele antes de serem tornados públicos porque, segundo afirmou, “não quer ser surpreendido com as calças em baixo”  – o INPE é actualmente autónomo na publicação da informação sobre a floresta que recolhe via satélite.

“É muito importante repetir estas preocupações. Existem pontos de viragem dos quais não estamos já tão longe. Não sabemos bem onde são, mas sabemos que estamos muito perto”, disse ao The Guardian Philip Fearnside, professor no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. “É preciso actuarmos de imediato. Infelizmente não é isso que está a acontecer. Temos pessoas a negar que existe um problema.”

É o caso do Governo de Bolsonaro, que nega as alterações climáticas. O The Guardian traça, no seu artigo, um perfil negro sobre o presente e o futuro da Amazónia. De acordo com aquela publicação, o Governo de Bolsonaro tem enfraquecido as entidades governamentais ligadas à protecção do meio ambiente, e desinvestido na protecção de reservas naturais, territórios indígenas e zonas de produção sustentável.

Licença para desflorestar

O executivo de Bolsonaro tem aberto portas aos empresários, permitindo-lhes dar cabo da floresta para proveito comercial próprio, seja para recolher madeira, abrir pastagens de gados ou campos de plantação ou para a exploração mineira. O Presidente do Brasil e outros seus Ministros criticaram inclusive a agência de monitorização florestação, Ibama, por impôr multas a madeireiros ilegais. “A indústria madeireira merece ser respeitada… O que acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultado de anos e anos de uma política pública de fazer leis, regras e regulamentos que nem sempre estão relacionados com o mundo real”, disse num discurso o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O Brasil está a recuar no combate à desflorestação, que entre 2006 e 2012 diminuiu 80%. No ano passado, a diminuição da massa verde chegou ao nível mais alto numa década, fruto de um aumento de 13%, sendo a expectativa para este ano ainda pior. Carlos Rittl, secretário executivo do Climate Observatory, uma organização sem fins lucrativos formada por vários grupos ambientalistas, denuncia que o Ministro do Meio Ambiente brasileiro acabou com o departamento responsável pelas políticas de combate à desflorestação e que as operações relacionadas com crimes ambientais diminuíram 70% entre Janeiro e Abril de 2019, em comparação com o mesmo período no ano passado.

O The Guardian publicou mesmo um editorial a dizer ser urgente a Europa actuar.

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