12 bandas que não vais querer perder na sua passagem por Portugal

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Fotografia de Cássio Abreu (CC BY 2.0) via Flickr

12 bandas que não vais querer perder na sua passagem por Portugal

Do piano clássico ao rock psicadélico.

O verão está quase a bater à porta. Para muitos, isso significa sol e papo para o ar. Para outros, a época de concertos e festivais. Não sabes o que ver ou experimentar, num mar de tanta oferta? Oferecemos-te uma lista de bandas e projetos musicais em digressão em Portugal a não perder este ano que te podem ajudar a resolver indecisões… ou pelo contrário, juntar mais à lista.

Jorge Ben Jor – 08 Junho – Porto (NOS Primavera Sound)

O grande tropicalista está de volta aos palcos e traz consigo tantas canções conhecidas (Pais Tropical, Mas Que Nada, Taj Mahal, Jorge de Capadocia,…) que o tornam quase numa máquina de hits tropicais. O nosso caro Jorge abrange muito mais do que pop hits; o seu estilo característico foi berço de várias influencias no Brasil e até teve sua fase esotérica-experimental.

Já há alguns anos que não voltava ao palco, especialmente em terras estrangeiras. Jorge Ben Jor lançou um single no ano passado “São Valentim”, inspirado no famoso santo católico dos namorados. Há muito tempo que  se espera o seu concerto e o Porto foi das poucas cidades escolhidas, o que torna uma oportunidade única de dançar o sambalanço do artista.

New Order – 15 Agosto – Vodafone Paredes de Coura

É preciso dizer pouco sobre a qualidade e importância dos New Order. Fundados do trágico vestígio dos Joy Division, os enigmáticos New Order conseguiram triunfar a partir das cinzas e cresceram como uma das bandas mais influentes e elogiadas dos anos 80. Quem não conhece o famoso single “Blue Monday” (1983), que teve vendas de vinil de 12 polegadas a bater recordes de história, ou a famosa discoteca e casa de concertos da banda, a Hacienda, o clube mais famoso do mundo nos anos 90.  Em setembro de 2015, a banda lançou seu último álbum de inéditos, Music Complete, o primeiro sem Peter Hook, depois de uma digressão pelos Estados Unidos e um hiato grande de álbuns. No ano passado lançaram um álbum ao vivo, “NOMC15 (Live)” em que se pode ter um cheirinho daquilo que pode estar a vir.

Uma história em banda e com poucas oportunidade de a voltarmos a ver; a apresentação no lindo recinto do Paredes de Coura, torna-se uma paragem obrigatória para os amantes da antiga eletrónica e dos clássicos dos anos 80, ou não…

Connan Mockasin – 16 Agosto – Vodafone Paredes de Coura

O neozelandês Connan Hosford colheu os resultados dos primeiros sucessos no universo musical enquanto vestia o papel de carismático frontman dos Connan & the Mockasins. Apesar do êxito deste projecto, Hosford sentiu que o pop constrangia a sua individualidade e decidiu então, vingar numa carreia a solo para se expressar sem barreiras através do alter ego Connan Mockasin. Forever Dolphin Love (2011) foi o álbum de estreia daquele que se viria a tornar o artista favorito da crítica indie graças aos seus projectos conceptuais e ao soft rock inspirado nas sonoridades de 1970. O ano de 2013 foi marcado pelo lançamento do aclamado Caramel, disco que levou o compositor a colaborar com LA Priest através do projecto Soft Hair. Nos trabalhos que se seguiram, Hosford continuou a sua aposta na abordagem conceptual e terminou o seu extravagante filme amador de 5 partes, Boston ’n Dobsyn, que segundo o próprio demorou mais de duas décadas a produzir. A acompanhar a estreia desta obra surgiu o seu mais recente álbum, Jassbusters (2018). A extravagância de Connan Mockasin está confirmada para o dia 16 de Agosto no Vodafone Paredes de Coura.

The Physics House Band – 19 Jun – Oeiras | 20 Jun – Beja  | 21 Jun – Portimão | 22 Jun – Leiria  | 23 Jun – Bragança | 24 Jun – Aveiro | 27 Jun – Porto | 28 Jun – Figueira da Foz  | 29 Jun – Monchique

Devagar devagarinho Portugal começa a entrar no círculo de digressões de bandas de nicho. De Brighton, Inglaterra, os The Physics House Band são um marco importante da geração de Math-Rock desta década. Uma fusão de teclas psicadélica, xilofone, um baixo muito à la Mars Volta e uma bateria poderosamente sincopada em ritmos de jazz; um tanto progressivo e um tanto agressivo formam a base de um estilo muito próprio ao qual etiquetas estilísticas dificilmente colam. Com um novo EP acabado de chegar – Death Sequence – a adição de um novo membro nas rédeas do saxofone e a colaboração do comediante Stuart Lee, a banda desce por um rio mais escuro e ácido absolutamente original, genial e bem trabalhado.

Num formato não muito usual, a banda vai fazer uma digressão completíssima por Portugal. Portanto, sem desculpas. E sim, leram Monchique.

Brad Mehldau Trio – 5 Out– Figueira da Foz | 6 Out Lisboa (CCB)

Já há muito que Brad Mehldau definiu o seu espaço dentro do enorme planisfério de Jazz. Portador de um estilo muito próprio, assim como de uma reconhecida qualidade técnica, Mehldau incorpora elementos puramente clássicos (especialmente Bachianos), Pop e Rock em sonoridades ácidas e de fusão

Tanto a título pessoal como no seu trio, com os seus companheiros Jeff Ballard e Larry Grenadier, assim como em Taming the Dragon, épica colaboração com Mark Guiliana  (uma êxtase de jazz progressivo ácido eletrónico bastante introspetivo), o repertório de Mehldau é hipnotizante e altamente magnético. A sua paixão pela música é perfeitamente notada nas suas performances ao vivo.

Sem dúvida um projeto a não perder para ávidos amantes de jazz e piano.

Benjamin Clementine (& His Parisian String Quintet) – 2 Jun – Coimbra | 3 Jun – Faro | 5 Jun – Aveiro | 6 Jun – Guarda | 7 Jun – Braga | 9 Jun – Ponta Delgada | 10 Jun – Porto

Aos Portugueses, que o aceitaram largamente em 2017, o já nosso Benjamim Clementina sempre respondeu com uma particular admiração pelo nosso país. Depois de ter sido a música de um anúncio da Super Bock, de ter dado um excelente concerto no mesmo ano em Paredes de Coura e de ter pisado alguns palcos improváveis, o músico regressa a Portugal para uma mais uma mini-digressão por todo o País, na companhia do seu quinteto de cordas, num formato familiar e íntimo.

Dotado de uma voz peculiar, tanto em timbre como em alcance, Clementine é várias vezes apontado como uma Nina Simone moderna. A juntar ao seu estilo de cantar, a sua composição de teclas é hipnotizante e desperta emoções díspares. Para amantes de soul, performances acústicas e vozes acutilantes.

Ezra Collective – 19 Jul – Super Bock Super Rock

Portadores de um estilo contagiante, melódico mas bastante imprevisível, este grupo britânico é mais um dos embaixadores de um revival na cena musical de Jazz de Londres que tem tomado forma esta década. Com uma energia que se sente na progressão e dinâmica das suas composições, o grupo colabora extensivamente com várias vocalistas e tem um reportório de um hip jazz ora com tons de rap ora algo mais chill com vocalizações à la femme fatale. Para apreciadores de groove, jazz, fusão. Com o seu indispensável saxofone e sopro, a fusão de elementos mais clássicos aos mais eletrónicos e ácidos lembra um tanto a vibe dos Snarky Puppy. Um concerto que com certeza não desiludirá.

Thom Yorke – 13 Jul – Oeiras (NOS Alive)

Ninguém pode ficar indiferente à contribuição musical levada a cabo pelos Radiohead. Embora todos os músicos sejam exímios no seu domínio e em composição musical, o frontman e vocalista Thom Yorke puxou a banda para cantos jamais tocados por uma banda de Rock. Na sua ânsia de criar música profunda, complexa, mas simples ao ouvido, Yorke desenvolveu um estilo de piano e de samples bastante sui generis e facilmente incorporado em música eletrónica. O seu álbum solo The Eraser, de 2006 e o seu projeto Atoms for Peace representam essa mudança de fazer música. O seu último projeto foi a soundtrack para o filme de terror psicológico Suspiria, de Luca Guadagnino. Nela, a genialidade da composição é evidente. O músico vem a Portugal, pela primeira vez a solo, em formato concerto.

Tool – 2 Jul – Lisboa (Altice Arena)

Daquelas bandas que não são sobejamente conhecidas em geral mas que atingiram alturas fenomenais dentro dos seus círculos, os Tool são hoje uma referência na escola do Progressivo e Industrial e, para muitos, um culto dentro do género. Portadores de um estilo dark, ora depressivo ora repreensivo, e de um nível técnico dificilmente observado, os Tool criam um maneirismo altamente complexo e subtil de ritmo e sincopação nas suas composições, por vezes tornando-se quase místicos em numerologia. Como assim? Em Lateralus, a música alterna entre compassos em 7/8, 8/8 e 9/8 e tem a certa altura uma sincopação dos versos baseada na sequência de Fibonacci  – 1, 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5, 5 + 3 =8…). Aliado a peças longas e intensamente compostas, o reportório de Tool é ainda mais impressionante ao vivo. Em hiato desde o lançamento do seu último álbum e digressão em 2007, os Tool voltam à estrada para um álbum sobejamente esperado este ano.

Para amantes de Rock Industrial, Progressivo e Psicadélico.

Ornatos Violeta – 11 Jul – Oeiras (NOS Alive) | 20 Jul –  Gaia (MEO Marés Vivas) | 6 Set – Faro (Festival F)

O nosso Portugalinho também tem de ter heróis. Se há heróis de uma cena dos noventas, o voto terá de tender para os nossos Ornatos Violeta. Com Manuel Cruz – um dos músicos mais prolíficos da sua geração – a liderar os destinos da banda, e o icónico O Monstro Precisa de Amigos, em Ornatos encontra-se um estilo lírico tangível ao comum mortal e uma musicalidade que se enquadra perfeitamente na sua mensagem. Após a dissolução da banda em 2002, a Banda regressa para uma pequeníssima digressão pelo País para celebrar os 20 anos d’O Monstro Precisa de Amigos. Não há como não dizer isto: a não perder!

Vampire Weekend – 12 Jul – Oeiras (NOS Alive)

É difícil perceber quão meteórica a ascensão desta banda tem sido. Com um único poppy punch num contexto de puro Indie Pop, os Vampire Weekend evoluíram bastante em quase uma década de discografia. Começaram com um debut incrivelmente bem-sucedido e facilmente escutável em 2010 (mesmo dentro da sua originalidade livre de pretensão numa cena Indie um tanto saturada) mas Ezra Koenig, frontman e vocalista, levou a banda para caminhos mais exploratórios e maduros. O novo álbum – Father of the Bride – acabou de ser editado. Com um estilo vocal dançável e genuinamente alegre, aliado a uma percussão interessante, jovial e bem trabalhada, esta banda foi uma excelente escolha para headline de um festival.

The Smashing Pumpkins – 13 Jul – Oeiras (NOS Alive)

Outra banda icónica que dificilmente precisa de introdução. Um marco simbólico para o que viria a ser um dos meninos dos noventa – o Grunge. O estilo corrosivo melancólico dos Smashing Pumpkins ficou sobejamente conhecido com o álbum Mellon Collie and the Infinite Sadness, eventualmente uma obra de culto no género da Geração X. Sempre presente, a melancolia, tristeza ou introspeção é sentida na dureza da sua música. A voz acutilante de Billy Corgan complementa o som abrasivo e dissonante das composições, que alternam entre um Punk e Hard Rock mais clássico e um Rock mais alternativo.

Nem que seja por saudosismo dos noventas e de tudo o que a Música representava na altura, este concerto não deve ser ignorado!

Pixies – 25 Out – Lisboa (Campo Pequeno)

Na mesma onda dos Smashing Pumpkins surfam os Pixies. Proponentes de uma revolução do Punk do final dos anos oitenta, a banda criou uma imagem do que estereotipicamente se considera “tresandar a noventas”.

No seu estilo dissonante, agressivo, abrasivo e desarrumado, os Pixies incorporam uma certa revolta com o tradicional. O estilo vocal propositadamente desafinado e dissonante leva a banda a emanar um sentido muito real, despretensioso da vida e do que aborda. A lírica, enquadrada neste tema de  “luta”, toca em pontos sensíveis e no surreal: extra-terrestres, incesto e religião.

A formação e atividade da banda sempre foram inconstantes. Por esta razão, seria um desperdício perder esta oportunidade para presenciar o espírito dos noventas em êxtase.

Esta lista é extensa e, mesmo assim, peca pela falta de muitos nomes de que com certeza te foste lembrando ao longo da leitura. Selecionámos alguns nomes menos conhecidos e outros clássicos imperdíveis, perdidos em cartazes de festivais ou com uma sala inteira por conta própria, para te oferecer alternativas ou te relembrar daquela banda que te toca e não te apercebeste que ia passar por cá.

Artigo de David Carvalho & Igor Murta

Fotografia de Cássio Abreu (CC BY 2.0)

 

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