Quanto pagarias para ter um objecto da vida do teu instagrammer preferido?

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Quanto pagarias para ter um objecto da vida do teu instagrammer preferido?

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Uma agência de publicidade norte-americana criou um leilão fictício com objectos de alguns dos instagrammers mais famosos do mundo, como "sátira" e "homenagem ao maravilhoso mundo das redes sociais".

Chama-se The Social Media Memorabilia Auction House e é um site de leilões falso que vende objectos retirados de fotografias publicadas por alguns dos mais famosos influencers do mundo. Tipo “aquela” capa de iPhone, “aquele” batido de proteína ou “aquela” garrafa de água S. Pellegrino. À primeira vista, o projecto parece só uma sátira bem conseguida aos clichês com que todos nós já nos habituamos a brincar, mas a Talmor & Talmor & Talmor (T&T&T) garante que também foi uma forma de homenagear a indústria das redes sociais. Tanto, que o site foi nomeado para os Webby Awards, na categoria de Weird Websites.

Se nunca mergulhaste no mundo dos instagrammers norte-americanos, podes ter alguma dificuldade em reconhecer os nomes escolhidos pela T&T&T para este projecto mas, só para teres uma ideia, nenhum tem menos de 5 milhões de seguidores, alguns têm mais de 10. O principal alvo da agência foi o chamado sponcon, ou conteúdo patrocinado, e brincar com a forma como muitos destes instagrammers tentam incluí-lo de forma orgânica com mais e menos sucesso, nos seus posts diários.

Leiloar objectos dos ídolos de hoje em dia podia até fazer sentido para aqueles de nós que gostavam de ter “aquela camisa”, “aqueles ténis” ou “aquele livro” que vimos online, ter um site que os reúne a todos, podia dar jeito. Mas o objectivo aqui foi mesmo brincar com o mundano. Como é que uma bóia para a piscina pode gerar tanto burburinho? Ou uma fatia de pizza? Ou uma marca de água? Como é que uma marca de água italiana é elevada a sinónimo de luxo na América?

“Tentámos encontrar contas e pessoas que representam certos arquétipos das redes sociais (o aficcionado do fitness, o galã adolescente, o living-my-best-life-bro, etc.) Os objectos que escolhemos foram por isso destinados a servir como mini-retratos do dito arquétipo ou pessoa”, explica o fundador da T & T & T, Morey Talmor, ao It’s Nice That.

“Para os objectos, tentámos encontrar coisas que digam algo sobre o mundo e o ambiente do influencer, também tentámos destacar objectos que pareciam não ter importância, mundanos ou tolos – para brincar com a natureza séria de alguns desses posts.”

Depois de escolher as pessoas e o respectiva objecto para caracterizar, a equipa tentou reproduzi-los numa sessão fotográfica digna da Sotheby’s. Passou muito tempo a vasculhar a Amazon e o eBay em busca do objecto real, ou de algo muito semelhante, e precisaram, em vários casos, de recriar e falsificar vários materiais e objectos impressos.

“Houve respostas divertidas e positivas, além de alguns WTFs. Na maior parte, as pessoas pareceram gostar, com alguns influencers a reagir aos posts no Instagram, e vários seguidores dos tais incluencers a comentar e a envolverem-se com a nossa conta de Instagram (tivemos um bom feedback nas redes sociais),” disse Morey sobre a forma como o projecto foi recebido.

E porque se trata de um leilão, cada publicação inclui comentários engraçados sobre o estado do objecto à venda, como no post que brinca com as típicas folhas de outono caídas no chão, que a T&T&T refere serem cinco, e algumas delas já estarem em estado avançado de decomposição; ou as medidas de um isqueiro BIC, que a agência diz ter sido usado apenas uma vez e estar em perfeitas condições. Quase todos os posts contam também com um hilariante parágrafo que destaca alguns dos comentários de utilizadores feitos no post original que, escolhidos a dedo – como o rapaz que comenta as nuvens numa fotografia de um rabo em bikini – só servem para acentuar a sátira da adoração ao mundano que é feita nas redes sociais hoje em dia e a forma como isso influencia, literalmente, o mundo em que vivemos.

Índice

  • Rita Pinto

    A Rita Pinto é Editora-Chefe do Shifter. Estudou Jornalismo, Comunicação, Televisão e Cinema e está no Shifter desde o primeiro dia - passou pela SIC, pela Austrália, mas nunca se foi embora de verdade. Ajuda a pôr os pontos nos is e escreve sobre o mundo, sobretudo cultura e política.

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