McDowell, Bridle e Hare: três referências internacionais discutem cultura e IA em Lisboa

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McDowell, Bridle e Hare: três referências internacionais discutem cultura e IA em Lisboa

"A Cultura na Era da Inteligência Artificial" é o lema da 3ª edição do programa de conversas Human Entities, que decorre entre Março e Maio.

“A Cultura na Era da Inteligência Artificial” é o lema da 3ª edição do programa de conversas Human Entities, que incide na inteligência artificial, no seu impacto na vivência social e na criação de cultura na nossa sociedade e os possíveis futuros que se (nos) colocam. Os oradores convidados desta 3ª edição, que tem início esta quarta-feira, dia 20, são Kenric McDowell, directora de Arte + Inteligência Artificial na Google Arts & Culture, James Bridle, artista e escritor, e Stephanie Hare, investigadora e jornalista.

Poucas tecnologias estimulam tanto a imaginação como aquelas que tentam replicar a mente humana. Desde a Idade Média até à ficção científica moderna, muitos fantasiaram sobre a construção de máquinas vivas. E agora chegaram, de modo completamente diferente, sob a forma de inteligência artificial: como agentes de software, invisíveis, por detrás de um vasto espectro de tecnologias computacionais que estão a redefinir todos os aspectos da nossa vida quotidiana.

Simultaneamente, a utilização destes poderosos sistemas é acompanhada por crescente desigualdade social, múltiplos escândalos da indústria e um reconhecimento cada vez maior de que estas tecnologias estão a minar a democracia, com possíveis consequências para a liberdade individual. Se este cenário beneficia as elites ou, pelo contrário, contribui para o bem público dependerá das escolhas políticas atuais.

Com o passar do tempo, e à medida que a pressão aumenta, a compreensão que as empresas têm da inteligência das máquinas poderá alterar-se de modo a lidar com a complexidade do mundo real. Mas, se não aceitarmos que humanos e máquinas pensam de forma diferente, estamos a limitar as nossas hipóteses de compreender o verdadeiro potencial da inteligência artificial.

Talvez o nosso maior ganho com a inteligência artificial seja justamente a possibilidade de nos ajudar a ultrapassar o desejo de replicar a mente humana, oferecendo-nos novas formas de pensar. As conversas Human Entities sobre “A Cultura na Era da Inteligência Artificial” decorrem nos dias 20 e 27 de Março, 17 de Abril e 28 de Maio. A entrada é livre mediante inscrição.

Kenric McDowell

A primeira conversa da 3ª edição do programa Human Entities acontece a 20 de Março, quarta, pelas 18h30. Sob o tema “California Capture: Como a West Coast transforma o Mistério em Infraestrutura”, Kenric McDowell, director de Arte + Inteligência Artificial na Google Arts & Culture, apresenta a história do envolvimento contra-cultural de Silicon Valley com o desconhecido, explorando as implicações desses encontros na identidade, arquitectura e desenvolvimento tecnológico global.

James Bridle

Dia 27 de Março, também às 18h30, o artista e escritor James Bridle aborda o tema “Outras Inteligências”. Nos últimos dez anos, James Bridle emergiu como um comentador atento aos desafios que as novas tecnologias colocam à sociedade, desde a inteligência artificial à vigilância. Autor da importante obra New Dark Age, James Bridle sustenta que a quantidade de informação actualmente disponível revela menos do que o esperado e, pelo contrário, cria um mundo crescentemente incompreensível.

Na sua intervenção em Lisboa, o artista e escritor alerta para o facto de a sociedade actual ter sido levada a acreditar que o mundo pode ser reduzido a dados, e que só estes interessam. Mas, na verdade, o mundo transborda de vida e os algoritmos parecem incapazes de captar a sua complexidade. A visão lógica do mundo parece conduzir o indivíduo ao medo, à desconfiança e à polarização, e o colapso cognitivo aparece espelhado no colapso ecológico.

Stephanie Hare

A investigadora e jornalista Stephanie Hare é a oradora convidada da conversa de 17 de Abril (18h30), com o tema “Fazer Face à Biométrica”. Caras, vozes, ADN, impressões digitais e outros dados sobre o corpo de cada pessoa (dados biométricos) cada vez mais são utilizados por governos e empresas para identificar e monitorizar, bem como para analisar, prever e controlar os comportamentos. Isto põe de tal forma em risco a privacidade, as liberdades civis e as democracias que até os gigantes da tecnologia como a Google, a Microsoft e a Amazon estão a pedir regulação. Que papel devem as tecnologias biométricas desempenhar nas nossas sociedades?

Organizado pelo CADA, em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa, o programa de conversas Human Entities foca-se na mudança tecnológica e nos seus impactos – nas formas como a tecnologia e a cultura se influenciam mutuamente. A última conversa desta terceira edição acontece a 28 de Maio e o orador será divulgado em breve.

A entrada nas conversas é livre e sujeita a inscrição prévia, que pode ser realizada aqui para cada uma das sessões.

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