Tomates picantes: uma inovação científica e uma questão ética

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Foto de Alex Ghizila via Unsplash

Tomates picantes: uma inovação científica e uma questão ética

Os capsaicinóides, que tornam as pimentas chili picantes, existem nos tomates só que não estão activados. Os tomates picantes poderão, tal como esses pimentos, ter propriedades benéficas para a saúde humana.

Apesar de o pimento e de o tomate terem tido a mesma origem ancestral, há milhões de anos atrás, são dois frutos distintos. Os pimentos produzem capsaicinóides; os tomates são mais fáceis de cultivar mas não produzem essa particular substância que confere o picante. A menos que se consiga modificar geneticamente. É isso que uma equipa de investigadores propõe com um olho nas potenciais utilizações desse componente.

Ao longo do tempo, as técnicas de modificação genética como a CRISPR-Cas9 têm vindo a ser aperfeiçoadas, tornando-se mais rápidas, baratas e seguras; e, num futuro, poderão ter implicações em diversas áreas, desde a saúde humana à modificação de alimentos. Neste último campo, podem originar novos frutos ou plantas aperfeiçoadas para determinado objectivo comercial, podendo, quem sabe, empresas como a agro-química Monsanto registar patentes para determinadas modificações de genes que só elas poderão operacionalizar. Já estás a começar a compreender toda a complexidade do assunto, certo?

Voltando aos tomates; a ideia de os modificar e de os tornar picantes é de um grupo de investigadores do Brasil e da Irlanda – não é, de todo, a primeira vez que se fala em modificação de frutos, tendo já sido anteriormente sugerido alterar morangos, cogumelos e cerejas, por exemplo. De acordo com o paper que publicaram na Trends in Plant Science, os cientistas explicam que o cultivo de pimentas chili é exigente e que todos os genes que produzem capsaicinóides existem no tomate só não estão activos.

Os benefícios dos capsaicinóides para a saúde humana poderão ser uma das vantagens da alteração do DNA de tomates. Os investigadores brasileiros e irlandeses dizem que existem 23 tipos diferentes de capsaicinóides e que muitas dessas moléculas mostraram ter propriedades anti-inflamatórias e anti-oxidantes, além de serem associados a benefícios como a perda de peso; podem também ser bons para atrasar o desenvolvimento de tumores, conforme conta o Quartz.

“O capsaicinóides são compostos muito valiosos; são usados na indústria de armas nos spray de pimenta, também são usados em anestésicos e há alguns estudos que mostram que ajudam na perda de peso”, referiu ainda ao The Guardian Agustin Zsögön, da Universidade Federal de Viçosa, no Brazil, co-autora do artigo científico, detalhando interesses na modificação genética de tomates para além da alimentação.

Agustin Zsögön e a restante equipa já começaram a trabalhar nos novos tomates modificados com capsaicinóides e contam ter novidades para partilhar no final deste ano de 2019.

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