Migos apostam na quantidade em Culture II, sem desprezar a qualidade

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Migos Culture II album

Migos apostam na quantidade em Culture II, sem desprezar a qualidade

O toque de Midas não abandonou os Migos.

Os Migos aka Beatles da geração digital lançaram, no passado dia 26 de Janeiro, o seu terceiro álbum de estúdio. Culture II é o sucessor de Culture e segue a linha do seu antecessor – repleto de rimas de ostentação, poderosos statements e uma atitude deverás blazé. Capaz de iluminar o próprio Sol, ou não fossem estes os maiores astros do Hip Hop actualmente (a par de Kendrick Lamar e Cardi B).

Se à partida superar a fasquia do seu antecessor era uma tarefa complicada – a sério, digam-me outro álbum em que todas as faixas sejam hits –, o toque de Midas não abandonou o trio de Atlanta; pelo contrário, estão cada vez mais multifacetados. Diversidade essa bem vincada em temas como “Narcos” ou “Stir Fry”. Porém, não esquecer, as prioridades dos artistas só eles próprio saberão.

Bem, quanto ao álbum em si, aquelas cenas, dicas, flows, beats, etc. É, sobretudo, um disco de vibes de boas vibes, com tudo o que isso tem de genérico como também de positivo. Para os mais cépticos, meia dúzia de bullshits, entre outros tantos ad-libs; para outros motivação, atitude perante as adversidades nos dias mais sombrios. Porra, ouvir experimentem acordar naqueles dias cinza de Inverno e bombar nas colunas a faixa “Made Man”… Não há nuvem que resista, meus putos.

Apesar do nome do álbum indiciar uma sequela, o grupo afasta essa hipótese, afirmando ser um álbum completamente diferente, devido à influência de estar constantemente estrada, onde os mais diversificados inputs surgem, reflectindo-se na criação musical e consequentemente num disco menos interligado em comparação com o antecessor.

Culture II apresenta quase o dobro das faixas que o primeiro da sua linhagem – ao todo são 24 temas, número em homenagem ao basquetebolista Kobe Bryant e à mentalidade black mamba. O disco apresenta também um leque de convidados de luxo, composto por Drake, Scott Travis, Gucci Mane, Big Sean, 2 Chainz, 21 Savage, Nicki Minaj, Cardi B, Ty Dolla $ign e Post Malone. A nível de produtores, inclui as participações de Metro Boomin, Honorable C Note, Buddah Bless, 808 Gods, Pharrell, Thistle, Cassius Jay, Zaytoven, Ricky Racks, OG Parker, Fki, Mike Dean (com produção adicional de Kanye West), Earl the Pearl e do próprio Quavo.

As participações escolhidas tem como base a génese presente no Culture, com algumas adições sonantes, apimentando o largo número de faixas que compõe. Entre as participações, os nomes de Kanye West e Pharrell foram alguns dos que maior protagonismo alcançaram, suscitando a curiosidade se haveriam mais parcerias em mente. Em entrevista, Quavo confessa que é impossível estar em estúdio com Kanye West e não produzir pelo menos 5 temas. O mesmo parece ser válido com Pharrell com quem afirmam ter mais 3 a 4 faixas guardadas na gaveta.

Se em Culture a estratégia consistiu em ser straight to the point, com 13 faixas – e 13 hits –, o modus operandi dos Migos em Culture II aparenta ser diferente e os próprios admitem-no. Neste terceiro disco, o grupo não quis deixar de fora tantos temas quanto em Culture; uma clara aposta na quantidade, que deverá reflectir-se nos números do streaming e no top da Billboard, ao longo deste ano.

Culture II também traz consigo a melhor versão do rapper TakeOff, que parece ter voltado ao “Commando” do grupo novamente. Segundo conta a HipHopdx, na rede social Twitter é sugerido, e bem, que TakeOff, sobressai aos outros membros do trio de Atlanta. A verdade é que, apesar de não ter ofuscado o brilho de Quavo e Offset, superou-se a si mesmo – uma boa resposta para aqueles que criticaram, vezes sem conta, a sua não inclusão na faixa “Bad and Boujee”“If a nigga hatin’, call him Joe Budden (pussy)”; é caso para exclamar “hold on Takeoff”.

Em entrevista ao programa de rádio Big Boy’s Neighborhood, Quavo afirma que TakeOff é o melhor dos Migos. Reflexo da juventude – é o membro mais novo desta família, com 23 anos –, aliada à poderosa atitude que ostenta.

Para além da já referida ostentação do trio, Culture II apresenta espaço para uma alucinante melancolia em diversos momentos ao longo do disco, com aquele toque mais deep que faltará no seu antecessor; exemplo disso é a faixa “Notice Me”.

Continua a fuga dos Migos perante a constante pressão dos rótulos e limitações artísticas, eles que afirmam – e bem, diga-se de passagem – que mudaram o “jogo” do Rap. Os Migos aparentam cada vez mais querer afastar-se do mumble e da sua conotação negativa, derivada da limitação criativa a que está associado– “This real rap, no mumble.”

Podes ouvir o Culture II no Spotify, iTunes/Apple Music e noutras plataformas digitais.

Culture II:

  1. “Higher We Go (Intro)
  2. “Supastars”
  3. “Narcos”
  4. “BBO (Bad Bitches Only)” f. 21 Savage
  5. “Auto Pilot (Huncho On The Beat)”
  6. “Walk It Talk It” f. Drake
  7. “Emoji A Chain”
  8. “CC” f. Gucci Mane
  9. “Stir Fry”
  10. “Too Much Jewelry”
  11. “Gang Gang”
  12. “White Sand” f. Travis Scott, Ty Dolla $ign & Big Sean
  13. “Crown the Kings”
  14. “Flooded”
  15. “Beast”
  16. “Open It Up”
  17. “MotorSport” f. Cardi B & Nicki Minaj
  18. “Movin’ Too Fast”
  19. “Work Hard”
”
  20. “Notice Me” f. Post Malone
  21. “Too Playa” f. 2 Chainz
  22. “Made Men’
  23. “Top Down on da NAWF”
  24. “Culture National Anthem (Outro)”

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