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Os dias de trabalho de 8 horas são quase uma tradição. Desde que somos crianças que nos habituamos a ouvir falar do emprego das 9 às 18 (a hora a mais é de almoço, caso te estejas a questionar) e de como custa trabalhar 8 horas, de sol a sol. A verdade é que se esse preconceito oral se mantém, a forma como essas 8h são ocupadas mudou e de que maneira nos últimos anos.
O conceito que data dos tempos da Revolução Industrial – em que o homem com a ajuda das máquinas se libertou de metade da sua carga horária – conhece agora novos contornos que a linguagem nem por isso actualizou. Robert Owen, activista a quem se conota as primeiras ideias desta revolução terá dito em 1817: “oito horas de trabalho, oito horas de diversão e oito horas de descanso” mas só em 1914 o cenário se aplicou e com reconhecido sucesso na icónica fábrica na Ford. O aumento da produtividade laboral tornou claro que nem sempre trabalhar mais significa trabalhar melhor e o paradigma desde então não tem parado de se alterar.
A evolução tecnológica desempenha logicamente um papel importante no moldar desta realidade, o que a tem feito alterar-se de sobremaneira nos últimos anos. Se por um lado o desenvolvimento das máquinas permite poupar tempo automatizando tarefas, por outro a sua sobreutilização conduz-nos a uma nova alienação baixando o nosso foco no trabalho.
Foi com base nesta e na tentativa de perceber os hábitos de produção contemporâneos que a Secretaria de Estatísticas Laborais dos Estados Unidos conduziu um estudo junto de 2000 trabalhadores a tempo inteiro de modo e determinou que em média passa no trabalho 8.8 horas por dia,
Se a média dos americanos trabalha – contratualmente – 8,8 horas por dia, e a média global não deve andar longe disso, os resultados de outra pesquisa (e da nossa experiência) mostram que a maior parte desse tempo é perdido com outras coisas. O estudo inquiriu 2000 funcionários britânicos sobre os seus hábitos durante o dia de trabalho e até os descreve e ordena por média de tempo perdido.
As actividades não produtivas mais populares são:
- Ler websites noticiosos – 1h e 5 min
- Actualizar Social Media – 44 min
- Discutir sobre assuntos não relacionados com o trabalho, com colegas de trabalho – 40 min
- Procurar novo emprego – 26 min
- Parar para fumar – 23 min
- Ligar a amigos – 18 min
- Fazer bebidas quentes – 17 min
- Trocar mensagens – 14 min
- Comer snacks- 8 min
- Fazer comida – 7 min
E se o cenário pode parecer desapontante, calma. Não é essa a ideia deste artigo. O facto de sermos produtivos em média apenas 3 das 8 horas que nos estão designadas e mesmo assim o trabalho estar feito pode ser um óptimo sinal de como o tempo de trabalho ainda pode encurtar – algo que tem vindo a ser testado com sucesso em alguns países como é exemplo a Suécia com a sua política de 6h diárias.